Produto, o ‘novo azeite’ da cesta de compras, tem repasses previstos para este mês e janeiro com efeito da safra menor
Foto/Reprodução: História do Café
Com a oferta prejudicada pelo clima, o café tem se tornado “o novo azeite” da cesta de compras. No ano, café moído acumula alta de 33%, segundo o IBGE. E mais aumentos estão a caminho, dizem especialistas, já que o preço do grão continua a subir na Bolsa de Nova York com sinais negativos da produção 2025/2026.
Nos últimos dez dias, período em que o preço da matéria-prima subiu, já houve aumento de 5% a 7% nas prateleiras, em média, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Na segunda quinzena deste mês é esperada alta de mais 15% e, provavelmente, haverá outro reajuste em janeiro de 2025, diz a associação. Em novembro, o tradicional café extraforte chegou a R$ 48,51 por quilo, lembra a Abic.
— Esse aumento tende a continuar. Não entendemos que exista qualquer possibilidade, pelo menos, até fevereiro ou março, do preço arrefecer, e a indústria terá a missão de repassar isso ao varejo — diz Celírio Inácio, diretor-executivo da Abic, que diz que a matéria-prima para a indústria de torrefação significa 65% a 70% do custo de produção.
Mercado internacional
O analista de café do Rabobank, Guilherme Morya, diz que este ano a saca do café arábica subiu quase 112%, de R$ 990 para R$ 2,1 mil, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. Já o café conilon teve reajuste de 115% no ano, de R$ 802 para R$ 1,7 mil a saca. Portanto, diz ele, há espaço para repasse ao consumidor, já que os preços na ponta subiram 33%:
— A indústria segurou parte do repasse quando o café começou a subir e espremeu margens para não perder mercado. Mas o preço vai continuar subindo agora em 2025, o percentual dependerá da estratégia de cada torrefadora.
A maior fabricante de café do mundo, a Nestlé SA, anunciou em novembro que continuará a aumentar os preços e a diminuir as embalagens para limitar o impacto. A fabricante do Nescafé e Nespresso, que não revelou os percentuais de reajuste, informou que se concentrará em cafés solúveis e cápsulas, segundo David Rennie, chefe de marcas de café. “Não estamos imunes ao preço do café. Precificamos e iremos precificar”, afirmou Rennie na apresentação ao mercado no Nestlé Day.
A produção do país está estimada em 34,4 milhões de sacas de café arábica na próxima safra, cerca de 11 milhões de sacas a menos do que a estimativa de setembro. A queda pode levar a um déficit de 8,5 milhões de sacas na temporada 2025/26.
*O Globo