A Finep, braço de investimentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), desembolsou R$ 93 milhões para financiar a fabricação do maior foguete brasileiro da história. A iniciativa faz parte de um projeto da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar o veículo hipersônico 14-X até a atmosfera.
A Mac Jee, empresa brasileira especializada na indústria de defesa e tecnologia aeroespacial, foi a escolhida para liderar o desenvolvimento da espaçonave, que terá 14 metros de altura e 15 toneladas. De acordo com Danilo Miranda, diretor de engenharia da Mac Jee, a “parceria com companhias importantes do setor, além de institutos de pesquisa da própria Força Aérea, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), foram determinantes para a seleção”.
“A importância do RATO-14X [nome do projeto] ultrapassa a fabricação do veículo, o investimento será direcionado à criação de uma infraestrutura que poderá ser utilizada em outros programas, o que é essencial para a soberania e independência tecnológica do Brasil”, complementa Danilo.
Rodrigo Gonçalves, COO da Mac Jee, reforça a importância do capital intelectual para o êxito da fabricação, que já conta com 500 pessoas envolvidas. “O Ricardo Pinto, a pessoa que mais trabalhou com foguetes no Brasil, está conosco, por exemplo. Nós escolhemos um time de ponta justamente para que seja possível tirar o planejamento do papel.”
Tendo em vista este cenário, a empresa criou um projeto de repatriação de especialistas que foram trabalhar fora do Brasil. “Um bom salário vai segurar um engenheiro por algum tempo, mas o verdadeiro profissional está sempre buscando novas provocações tecnológicas, e é isso que estamos oferecendo para trazer os cérebros de volta”, relata Gonçalves.
Nos últimos quatro anos, a empresa investiu R$ 120 milhões na construção de duas fábricas no interior de São Paulo, uma em São José dos Campos e outra em Paraibuna.
Para Danilo Miranda, o RATO-14X é um “tijolo na construção de um futuro onde o Brasil poderá lançar seus próprios satélites”. O executivo conta que “a evolução do mercado de satélites é muito importante para o país, do ponto de vista comercial e para a inovação”.
O Brasil poderá competir com potências globais?
“Como brasileiro, e do ponto de vista técnico, eu não tenho dúvidas de que somos capazes de alcançar grandes potências. O fato é que precisamos de mais orçamento”, responde Rodrigo Gonçalves. Danilo Miranda explica que países como China e Estados Unidos cresceram a partir de investimentos constantes na área aeroespacial. “No entanto, no setor de veículos hipersônicos, estamos no mesmo nível dessas potências, na verdade, estamos na crista da onda.”
*Forbes