Em audiência nos EUA, organizações denunciaram que a Coreia do Norte age como uma empresa criminosa, com a China cooperando com o tráfico de norte-coreanos.
Kim Jong-un e Xi Jinping. (Foto: Wikimedia Commons/O Gabinete de Imprensa e Informação Presidencial kremlin/Wikimedia Commons/Palácio do Planalto).A China e a Coreia do Norte estão agindo em parceria para perseguir cristãos, disseram especialistas em uma audiência recente da Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa (USCIRF).
O Comitê Não-Governamental para os Direitos Humanos na Coreia do Norte (HRNK) apresentou dados de investigações na audiência, revelando como o governo da China repatriou à força centenas de norte-coreanos desde o ano passado.
Os desertores, que fugiram para a China para escapar do comunismo, foram levados de volta ao seu país e enviados para centros de detenção, onde enfrentam trabalho escravo, tortura, violência sexual e assassinato.
"Ao retornar à Coreia do Norte, uma das primeiras perguntas que as autoridades farão é se eles se encontraram com um missionário durante seu tempo na China", afirmou Hanna Song, diretora executiva do Centro de Banco de Dados para Direitos Humanos da Coreia do Norte (NKDB), na audiência.
"Esta questão não é apenas uma formalidade. A resposta determina a severidade da punição que eles sofrerão. Se um indivíduo admite ou é encontrado tendo contato com um missionário, particularmente um afiliado ao cristianismo, ele geralmente está sujeito às formas mais severas de tortura e prisão”, acrescentou.
Greg Scarlatoiu, diretor executivo do Comitê Não-Governamental para os Direitos Humanos na Coreia do Norte (HRNK), explicou que o regime comunista de Kim Jong-un vê a fé cristã como uma ameaça ao seu poder.
“Qualquer crença religiosa, e o cristianismo em particular, assim como a Coreia do Sul, constituem os únicos desafios ao monopólio absoluto do regime de Kim sobre o poder. O cristianismo oferece um modo de vida alternativo que deslegitima a tirania e transcende a opressão”, disse Greg.
Tráfico de norte-coreanos
Na audiência, Joanna Hosaniak, vice-diretora-geral da Aliança dos Cidadãos para os Direitos Humanos da Coreia do Norte (NKHR), alertou que a Coreia do Norte age como uma empresa criminosa, onde a China coopera com o tráfico de norte-coreanos.
“Essa perseguição precisa ser vista em um contexto muito mais amplo – simplificando, a liderança norte-coreana está operando uma empresa criminosa que escraviza civis para facilitar a produção de bens para exportação, por meio da qual adquire moeda estrangeira para financiar o regime e seus programas militares", denunciou Joanna.
“A China fornece continuamente escravos para instalações de detenção. Tanto os campos de prisioneiros políticos, que são operados principalmente pelo MSS [Ministério da Segurança do Estado], quanto às prisões de longo prazo operadas pelo MPS [Ministério da Segurança Pública], são importantes locais de produção que produzem bens para exportação: têxteis, cílios postiços, rotulados como 'Made in China'".
Tecnologia para vigilância
Segundo Joanna, refugiados revelaram que a China usa tecnologia de reconhecimento facial para encontrar imigrantes e recompensam aqueles que denunciam essas pessoas.
Além disso, as autoridades chinesas concordam com a Coreia do Norte que cristãos devem ser punidos por sua fé.
"O objetivo é a perseguição religiosa", comentou ela, acrescentando que há evidências de que empresas chinesas estão ligadas a empresas norte-coreanas.
A Coreia do Norte ficou em 1º lugar na Lista Mundial de Perseguição de 2024 da Missão Portas Abertas. Já a China ocupa a 19ª posição.
*Guiame/*Morning Star News
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