Mundo terá 40 milhões de mortes por infecções bacterianas resistentes até 2050, um aumento de 70%

Um novo estudo indicou que o número de infecções bacterianas resistentes a medicamentos aumentará em 70% até 2050 no mundo, e a faixa etária mais afetada será aquela acima de 70 anos.

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Ilustração da bactéria Acinetobacter baumannii, uma bactéria associada a infecções hospitalares que pode desenvolver resistência a antibióticos. Crédito: Kateryna Kon/Science Photo Library.


Um estudo sistemático divulgado recentemente na revista The Lancet analisou dados passados e a tendência de casos de infecção bacteriana resistente a antibióticos no mundo.


Os autores identificaram que até o ano de 2050, ocorrerão cerca de 40 milhões de mortes no mundo devido a isso, o que representa um aumento de 70% dos casos atualmente. Além disso, a maioria dos afetados será acima de 70 anos.


Infecções ficando mais resistentes a medicamentos

Para a análise global aprofundada sobre resistência antimicrobiana, os pesquisadores analisaram dados de mortalidade e registros hospitalares de 204 países entre 1990 e 2021, concentrando-se em 22 patógenos, 84 combinações de bactérias e medicamentos aos quais são resistentes e 11 doenças, incluindo infecções sanguíneas e meningite.


Os resultados mostraram que entre 1990 e 2021, mais de 1 milhão de pessoas morreram de infecções resistentes a medicamentos por ano, e esse número pode aumentar para até 2 milhões por ano daqui até 2050. E as regiões com as maiores taxas de mortalidade previstas incluem o sul da Ásia, a América Latina e o Caribe.

O maior acesso a antibióticos apropriados e um melhor tratamento de infecções podem salvar várias dessas vidas, segundo o relatório.

Além disso, o relatório destaca que, embora o número de crianças com menos de 5 anos morrendo de infecções resistentes tenha diminuído em mais de 50% nas últimas 3 décadas, as taxas de mortalidade em pessoas com mais de 70 anos aumentaram em cerca de 80%.


As mortes por infecções pela bactéria Staphylococcus aureus que infecta pele, sangue e órgãos internos — tiveram o maior aumento: de 90,29%.

Esses números do estudo sugerem que não conseguiremos atingir a meta das Nações Unidas (ONU) de reduzir em 10% a mortalidade global causada pela resistência antimicrobiana até 2030.

“Esta é uma contribuição importante para entender como chegamos onde estamos hoje e para dar uma expectativa racional do futuro fardo da resistência, a fim de informar os próximos passos que podem ser tomados”, comentou Joseph Lewnard, epidemiologista da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e coautor do estudo.

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A Escherichia coli (E. Coli) é uma bactéria bacilar Gram-negativa que se encontra normalmente no intestino de pessoas saudáveis. Crédito: Divulgação.

Inclusive, o microbiologista Timothy Walsh, da Universidade de Oxford, acredita que os números são provavelmente muito maiores do que os divulgados no relatório, particularmente em países onde há falta de dados.


Muitas das infecções mais mortais entre 1990 e 2021 foram causadas por um grupo de bactérias com resistência particularmente forte a medicamentos, as chamadas bactérias Gram-negativas. Esta categoria inclui a Escherichia coli (E. coli) e a Acinetobacter baumannii — um patógeno associado a infecções hospitalares.


“Precisamos de mais investimento global e muito mais engajamento interativo real com países de baixa renda para garantir que eles estejam equipados”, disse Walsh. Ainda segundo ele, os hospitais de países de baixa renda devem ter acesso a ferramentas de diagnóstico, antibióticos, água limpa e saneamento.


Os autores esperam que este novo relatório “oriente as informações sobre como desenvolver novos medicamentos, em quais novos medicamentos focar e em quais novas vacinas focar”.


Referência da notícia:

Naghavi, M. et al. Global burden of bacterial antimicrobial resistance 1990–2021: a systematic analysis with forecasts to 2050. The Lancet, 2024.


*Meteored

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