Nunes tem mais de 60% do tempo de rádio e TV; Marçal fica fora

Propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV começa no próximo dia 30 de agosto

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Ricardo Nunes e Pablo Marçal Fotos: Leo Franco/AgNews Reprodução/ Print de vídeo YouTube Pablo Marçal

Na próxima sexta-feira (30), o popularmente conhecido “horário político” tem início no rádio e na televisão. O tempo destinado aos candidatos nas emissoras é uma das portas de entrada para que eles apresentem propostas para quem vai definir o novo prefeito e os novos vereadores nas urnas em outubro deste ano.


No rádio e na TV, em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes terá vantagem. O candidato do MDB à reeleição terá, sozinho, mais de 60% do tempo diário reservado para a propaganda eleitoral gratuita nos veículos de massa, conforme divulgou o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) na última quinta-feira (22). O deputado Guilherme Boulos (PSOL), o apresentador José Luiz Datena (PSDB) e a deputada Tabata Amaral (PSB) ficam com os quase 40% restantes do horário por dia.


Os outros seis candidatos ao cargo, como o empresário Pablo Marçal, do PRTB, e a economista Marina Helena, do Novo, ficarão de fora.


Especialistas afirmam que, mesmo com a relevância assumida pelas redes sociais e a diminuição do tempo gasto pelos eleitores brasileiros em frente à televisão ou ouvindo o rádio, a propaganda eleitoral obrigatória ainda tem papel decisivo. A estratégia, principalmente televisiva, pode ser determinante sobretudo para os eleitores que não sabem em quem votar.


Os candidatos de partidos e federações partidárias com representantes na Câmara de Deputados que atingiram a cláusula de barreira tem direito ao tempo de rádio e TV. O mecanismo é utilizado pela Justiça Eleitoral para comprovar a representatividade dos partidos no País. As siglas precisam ter 12 deputados federais ou terem atingido 2% dos votos válidos em pelo menos nove unidades da federação na eleição de 2022.


O horário eleitoral gratuito será veiculado até 3 de outubro, de segunda a sábado, com 20 minutos diários em rede (divididos em dois blocos de 10 minutos) no rádio e na TV. Além disso, serão destinados 70 minutos em inserções diárias de 30 e 60 segundos, de segunda a domingo, entre 5 horas e meia-noite.


Tempo em cada uma das edições diárias (segunda a sábado):

  • – Ricardo Nunes: 6 minutos e 30 segundos;
  • – Guilherme Boulos: 2 minutos e 22 segundos;
  • – José Luis Datena: 35 segundos;
  • – Tabata Amaral: 30 segundos;


Tempo de inserções diárias (segunda a domingo);

  • – Ricardo Nunes: 27 minutos e 20 segundos;

  • – Guilherme Boulos: 10 minutos;
  • – José Luis Datena: 2 minutos e 29 segundos;
  • – Tabata Amaral: 2 minutos e 10 segundos.


A influência da propaganda política televisionada tem perdido espaço diante do avanço das redes sociais pela população, segundo a cientista política e assessora do Gabinete Compartilhado da Câmara dos Deputados, Paula Trindade.


– Não podemos negar que a influência da TV está cada vez menor. Em 2018, o Brasil elegeu Bolsonaro com um tempo mínimo de televisão. À época, o partido que o abrigava era o PSL, que tinha alguns segundos na propaganda eleitoral gratuita, enquanto outros adversários tinham muito mais que isso – exemplificou.


Nas eleições daquele ano, o então candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, era quem tinha a maior fatia do horário eleitoral: o tucano teve 5 minutos e 32 segundos em cada bloco de propaganda, além de 434 inserções. Já o líder das intenções de voto à época, Jair Bolsonaro, teve apenas 8 segundos em cada bloco de propaganda e 11 inserções ao longo do primeiro turno da campanha eleitoral. Naquele ano, cada um dos dois blocos tinha 12 minutos e meio de duração no total.


– O prefeito Nunes terá muito mais tempo, mas vimos na eleição presidencial de 2018 que o (Geraldo) Alckmin tinha um tempo estrondoso de horário eleitoral gratuito e perdeu a eleição para (Jair) Bolsonaro, que tinha pouquíssimo tempo – disse o professor de pós-graduação em direito eleitoral da Escola Judiciária Eleitoral Paulista, do TRE-SP, Alexandre Rollo.


Paula Trindade ressalta, porém, que a televisão ainda é a maior fonte de conteúdo audiovisual dos brasileiros. Por isso, a influência da TV não foi substituída pela internet, mas adaptada à ela.


– As peças publicitárias televisivas alcançam, até mesmo, os espectadores que não assistem TV. Elas circulam e chegam no YouTube, no WhatsApp. Então, é como se até a propaganda eleitoral fosse sob demanda – afirmou a especialista.


Para ela, o mesmo ocorre com os debates, porque à medida que a presença dos políticos leva seus seguidores das redes sociais à TV, o prestígio da televisão traz recortes do debate aos vídeos que circulam em grupos de mensageria e nas próprias redes sociais.


O assessor legislativo do Senado e cientista político Murilo Medeiros afirma ainda que, apesar da emergência das mídias digitais, a TV e o rádio ainda são preponderantes na estratégia de impulsionar candidaturas no Brasil.


– Nas eleições municipais de 2020, por exemplo, cerca de 80% dos candidatos que possuíam maior tempo no rádio e TV saíram vitoriosos nas disputas para o cargo de prefeito.


Segundo ele, a propaganda eleitoral televisiva é particularmente eficaz diante de eleitores indecisos.


– O bom uso do espaço televisivo é um trunfo para dar competitividade às candidaturas, principalmente para diminuir rejeições – explicou.


*AE/*Pleno.news 

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