Empresário de visão aguçada, Sílvio Santos também já foi 'rei do gado' do agronegócio
Com a morte do apresentador e empresário Sílvio Santos, aos 93 anos, neste último sábado (17), muitas histórias conhecidas e icônicas sobre o maior comunicador da história do Brasil foram relembradas em diversos meios de comunicação. As homenagens, entretanto, trouxeram também alguns fatos pouco conhecidos pela população e que demonstram o quanto o filho de imigrantes de origem judia era uma figura além do seu tempo quando o assunto era a coragem e a visão para apostar nas mais diferentes áreas.
Assim foi com o Baú da Felicidade, o Banco Panamericano, o Hotel Jequitimar, no litoral paulista, a gigante dos cosméticos Jequití e tantos outros negócios de sucesso que fazem ou fizeram parte de sua holding.
E Sílvio apostou, vejam só, também no agronegócio, ao adquirir, na década de 70, fazendas para produção pecuária.
Os detalhes deste 'perfil agro' de Sílvio Santos, foram revelados em uma matéria do jornalista Henrique Rodarte, no portal Agro em Campo.
Mais uma história fascinante deste que, definitivamente, foi um dos maiores brasileiros da história.
Leia, abaixo, a íntegra da matéria:
Silvio Santos, o maior nome da televisão brasileira, não se destacou apenas como apresentador e empresário no ramo da comunicação, mas também se aventurou no agronegócio. Dono de um império midiático, o apresentador, nascido Senor Abravanel, construiu ao longo de sua vida uma fortuna estimada em R$ 1,9 bilhão. E parte desse sucesso inclui suas investidas no setor agropecuário.
Entre as décadas de 1970 e 1980, Silvio Santos possuía três fazendas que formavam a Agropecuária Tamakavy, com cerca de 95 mil hectares. As fazendas estavam localizadas no Mato Grosso, entre os municípios de Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia.
Silvio Santos e o presidente Figueiredo
A aquisição dessas terras, que começou em 1972, fez parte de uma estratégia do empresário para aproveitar os incentivos fiscais oferecidos pelo governo federal para a pecuária. Isso em um período em que o país buscava se consolidar como um grande exportador de carne.
A entrada de Silvio Santos no agronegócio começou em julho de 1972, quando o jornal Correio da Manhã noticiou a compra das fazendas Tamakavy, Tiaipe e Barra Atlântica. A aréa totalizava 70 mil hectares, em uma transação com o Grupo Ometto-Almeida Prado. A partir dessa aquisição, a propriedade passou a ser conhecida como Baú Agropecuária S.A.
Diversificação de investimentos
Silvio Santos, sempre discreto em seus negócios, visitou as terras antes de fechar a compra, assumindo uma postura reservada e até disfarçada para manter sua identidade em segredo. O empresário também destacou que sua entrada no agronegócio tinha como objetivo diversificar seus investimentos e aproveitar as condições fiscais favoráveis para expandir seus negócios.
No auge de suas atividades agropecuárias, Silvio chegou a ter 10 mil cabeças de gado distribuídas nas vastas terras da Tamakavy. Além dessa fazenda, o empresário manteve as agropecuárias Tiaipe e São Cristóvão até o final dos anos 1980. Contudo, a mesma época que marcou sua candidatura abortada à Presidência da República, em 1989, também viu Silvio Santos se desfazer de suas propriedades rurais. Incluindo a venda da Tamakavy e a Record, esta última para a Igreja Universal do Reino de Deus.
A trajetória de Silvio Santos no agronegócio ilustra a faceta menos conhecida de um dos mais icônicos apresentadores do Brasil. Mostrou sua capacidade de diversificar e prosperar em diferentes setores, sempre com um olhar atento às oportunidades oferecidas pelo mercado.