Banco Central da Rússia recomenda que empresas usem criptomoedas para driblar sanções

Elvira Nabiullina, governadora do Banco Central da Rússia. Fonte: YouTube/Reprodução.

O Banco Central da Rússia está recomendando que empresas locais encontrem soluções para lidar com as sanções dos EUA e demais países, incluindo o uso de criptomoedas e outros ativos digitais. As informações são da Reuters, publicadas nesta quarta-feira (3).

Tendo início em fevereiro de 2022, a guerra entre Rússia e Ucrânia já se estende por quase dois anos e meio. Durante esse tempo, as sanções contra o país liderado por Vladimir Putin só tem aumentado.

Na semana passada, por exemplo, a União Europeia liberou o 14º pacote de sanções, que além de tocar no tema do gás natural, o qual a Rússia exporta para a Europa, também focou em questões financeiras.

“O Conselho decidiu proibir o uso do ‘Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras’ (SPFS)”, escreveu a UE. Tal sistema é o equivalente ao SWIFT, mas usado para driblar sanções pelo BC russo. “As entidades da UE que operam fora da Rússia serão proibidas de se conectar ao SPFS ou a serviços especializados de mensagens financeiras equivalentes.”

O texto segue com mais proibições, incluindo “transações com instituições de crédito e financeiras alvo e provedores de criptomoedas estabelecidos fora da UE”.

Rússia é pressionada e BC recomenda uso de criptomoedas

A relação da Rússia com as criptomoedas não é tão boa assim. Como exemplo, eles já ameaçaram banir as criptomoedas para proteger sua moeda local, o rublo russo, em abril deste ano.

No entanto, as sanções parecem estar tão pesadas que o Banco Central da Rússia agora está incentivando o uso de criptomoedas por empresas.

“Novas tecnologias financeiras criam oportunidades para esquemas que não existiam antes. É por isso que suavizamos nossa posição sobre o uso de criptomoedas em pagamentos internacionais, permitindo o uso de ativos digitais nesses pagamentos.”

Tal comentário foi feito por Elvira Nabiullina, presidente do BC russo durante conferência em São Petersburgo.

“Diversas alternativas estão sendo discutidas. As empresas têm se mostrado muito flexíveis e empreendedoras. Elas encontram maneiras de resolver isso e muitas vezes nem nos compartilham”, continuou Nabiullina.

Na sequência, ela também destaca que o BRICS, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, está discutindo a criação de um sistema de pagamento próprio. Segundo anúncio de maio, tal sistema usaria a tecnologia blockchain, inventada por Satoshi Nakamoto, criador do Bitcoin.

De qualquer forma, Nabiullina afirma que tal sistema levaria muito tempo para ser criado. Portanto, isso justifica a recomendação sobre o uso de criptomoedas.

Rublo russo está sobrevivendo

Apesar de ter caído cerca de 50% após a invasão a Ucrânia, o rublo conseguiu se recuperar nos meses seguintes. Em 2024, a moeda russa acumula ganhos de 2,2% frente ao dólar americano.

Além disso, Vladimir Putin está usando as sanções para atacar os EUA. Segundo o presidente russo, isso foi um erro estratégico dos americanos, afinal menos pessoas estão usando o dólar em transações internacionais.

O candidato a presidência americana Donald Trump quer trazer toda a indústria do Bitcoin para os EUA. De qualquer forma, é difícil imaginar que o governo consiga sancionar transações de Bitcoin, mesmo que todos os mineradores estejam em solo americano.

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