Por que Reese Witherspoon rejeitou o papel principal em 'Pânico' há quase 30 anos
Atriz - hoje uma das mais conhecidas do mundo - estava começando a se destacar em Hollywood
Reese Witherspoon pode até ter ficado marcada como um ícone das comédias românticas dos anos 2000, mas ela vai muito além disso. A vencedora do Oscar já passeou por diversos gêneros ao decorrer de sua carreira -- romances, suspenses, thrillers, dramas, cinebiografias; na TV ou no cinema, ela sempre foi conhecida pela competência em encarnar suas personagens.
Por pouco, a estrela não acabou colocando outro gênero e outro sucesso em sua vasta prateleira de feitos. Era ela, e não Neve Campbell, quem deveria correr e lutar contra o temível Ghostface, de 'Pânico', primeiro filme da franquia, lançado em 1996.
Mas o que deu errado? Para entender isso, precisamos recapitular um pouquinho da carreira da atriz.
Elle Woods - que ensinou inúmeros meninos e meninas a serem quem são, sem receio em 'Legalmente Loira' (2001), uma das mais populares comédias românticas dos anos 2000 - é o primeiro arquétipo de Reese Witherpoon que aparece na cabeça das pessoas quando falamos no seu nome.
Claro que ela "estourou" ali, mas sua carreira vem de muitas batalhas anteriores. Começou a atuar ainda cedo, durante a infância.
Com o passar dos anos, a notoriedade foi apenas uma consequência. 'A Vida em Preto e Branco' (1998), 'Eleição' (1999), 'Segundas Intenções' (1999) e 'Psicopata Americano' (2000) no cinema; na TV, estrelou 'Friends' como a irmã caçula da fashionista Rachel Green (Jennifer Aniston), a loira Jill Green, em dois episódios da sitcom de maior sucesso da televisão.
Em menos de 10 anos, ela chegou ao Oscar com o papel de June Carter, na cinebiografia do cantor Johnny Cash. A química entre Reese e Joaquin Phoenix (que interpretou o ícone da música norte-americana) virou um dos maiores destaques do filme, e a atuação de Reese - desde o sotaque até as emoções mistas de rancor e tristeza - chamaram bastante atenção da Academia. E é claro, em 2008, quem levou a estatueta para casa foi ela.
Desde então, os hits não pararam, e talvez seu maior feito recente seja a série original da HBO, 'Big Little Lies', sobre um grupo de mães que precisa lidar com os segredos individuais de cada família, ao passo que um grande mistério ronda a pequena cidade onde vivem.
Apesar de contracenar com Nicole Kidman, Zoe Kravitz, Alexander Skarsgård e até Meryl Streep, Witherspoon consegue muitos momentos de destaque para si mesma. Foi até vencedora do Emmy, em 2017, por sua performance como Madeleine Mackenzie.
Então, por que não 'Panico'?
Mas entre tantos sucessos, um ficou de fora do currículo estelar da estrela. Já estava inserida no meio dos thrillers e suspenses dos anos 1990 -- esteve em 'Freeway - Sem Saída', uma releitura do conto da Chapeuzinho Vermelho com jovens delinquentes e assassinos predadores de crianças, e 'Medo', sobre o namoro entre uma menor de idade e um agressor mais velho --, então dar dois passos para frente e cair no território do terror não era lá tão complicado.
Ainda assim, Witerspoon rejeitou o trabalho. Nos anos 1990, o gênero já estava até que saturado, e nada de tão novo ou diferente estava sendo lançado no espaço mainstream. Com exceção de produções independentes, ou de outros países, as apostas boas eram poucas, e reciclar ideias da década anterior, que inovou até demais quando se trata de horror, já não era tão interessante assim.
Então, quando Witherspoon soube que o papel da protagonista, Sidney Prescott, do slasher, 'Pânico' havia sido lhe oferecido, a atriz torceu o nariz. Considerava aquele apenas 'mais um filminho de terror'. Erro grave!
É claro, com apenas uma premissa em mãos, Reese Witherspoon jamais imaginaria que 'Pânico' viria se tornar uma franquia multimilionária que reinventou um dos subgêneros mais rentáveis da última década. Uma estudante de vida comum, cujo trauma escondido é o assassinato da mãe, começa a ser perseguida por um assassino mascarado, que tem dizimado vários adolescentes na vizinhança -- nada que já não tenha sido visto várias vezes.
É uma pena que Reese não tenha dado confiança ao diretor Wes Craven, que dois anos antes havia restaurado sua franquia de sucesso com uma sequência metaforicamente sarcástica, com 'O Novo Pesadelo - O Retorno de Freddy Krueger'. 'Pânico' reinventou o gênero mais desgastado dos últimos anos, subvertendo os clichês em comentários autoconscientes dos próprios personagens.
No fim, quem acabou se eterinzado como Sidney foi Neve Campbell, que estourou também no final daquela década, com outro filme lançado meses antes de 'Pânico', 'Jovens Bruxas'.
Apesar do destaque ter ficado com Fairuza Balk, Campbell também teve seus "15 minutos de fama". Só que foi como a protagonista do slasher que a sua carreira finalmente decolou. E nem precisava mais inovar tanto assim: fez 'Pânico 2', 'Pânico 3', 'Pânico 4' e 'Pânico' (2022) e só parou no sexto filme, lançado em 2023 -- que era para contar com uma participação dela, mas não rolou.
Se você bem se lembra, a estrela recusou estar na sexta sequência, com Melissa Barrera e Jenna Ortega nos papéis principais, porque o salário que lhe fora oferecido não era proporcional ao tanto que ela havia feito pela franquia, como ela mesmo definiu.
Agora que Barrera foi terminantemente demitida, por prestar apoio à Palestina no conflito entre Israel e o Hamas, e Ortega pediu as contas após a saída da amiga, Neve Campbell retornará para o sétimo filme, novamente como a protagonista. O filme tem previsão de ser lançado em 2025.
E se Reese tivesse aceitado a proposta e fosse a rival de Ghostface em 'Pânico'? Os rumos da franquia seriam totalmente diferentes, é claro. O sucesso seria iminente, com ou sem ela, mas como seria a própria Sidney Prescott? Nunca saberemos
Assista ao trailer de 'Pânico', filme de Wes Craven lançado em 1996, que poderia ter contado com Witherspoon no papel principal -- mas que acabou virando a principal personagem da carreira de Neve Campbell.
*Monet
