Ibovespa fecha em alta, acima dos 120 mil pontos, antes de Copom e Lula na Petrobras

ECONOMIA🔺️

Volume de negócios foi bem reduzido, sem negociação nas bolsas em NY, por conta de feriado nos EUA

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(Imagem: Getty Images Signature/Canva)

Hoje o dia pareceu aqueles finais de jogos de futebol em que um dos times está ganhando de goleada e fica só tocando a bola para o goleiro a espera do juiz apitar o final – ninguém quer nada com nada. A diferença é que o pregão de hoje não tinha nada de vitória garantida e parecia que nada tinha acontecido e tudo ainda ia acontecer. Assim, a Bolsa passou a tarde oscilando, sem se descolar da estabilidade, até ganhar certo fôlego no final, com o Ibovespa subindo 0,53%, aos 120.261,34 pontos, um ganho de 630 pontos. Foi a segunda vitória seguida, algo que não acontecia desde as sessões de 13 (0,44%) e 14 (0,28%) de maio deste ano. O dólar subiu 0,15%, a R$ 5,44, mas ficando longe da máxima, aos R$ 5,48, enquanto os juros futuros (DIs) terminaram mistos: queda nos vértices longos e alta nos curtos.


Esse marasmo veio especialmente por conta do feriado nos EUA, que fechou as atividades em Wall Street, mas também do freio puxado antes da decisão da nova Selic pelo Copom, que acontece após o fechamento do mercado, de modo que o movimento sobre a decisão, o comunicado e se houve unanimidade fica mesmo para amanhã. De quebra, ainda teve bem no finalzinho do pregão a expectativa pelos discursos da posse de Magda Chambriard, nova CEO da Petrobras (PETR4), com presença do presidente Lula, no Rio de Janeiro. Com nada de fato acontecendo e com uma agenda de indicadores completamente vazia, os investidores foram empurrando com a bola para o goleiro, esperando o sino final.


De acordo com a equipe da Ágora Investimentos, sem a referência de Nova York e com o principal direcionador do dia apenas ao término dos negócios, a tendência era mesmo que os ativos locais oscilassem entre margens estreitas, sem um viés muito claro. Em relação à reunião do Copom, chamou a atenção para pesquisas mostrando uma maioria entre economistas estimando manutenção da taxa Selic nos atuais 10,50% ao ano, com uma pequena parcela estimando um corte de 0,25 ponto percentual. “Portanto, mais importante do que a decisão em si, as atenções estarão voltadas para o placar da decisão”, citaram. Na última reunião, o Copom reduziu o ritmo de afrouxamento monetário ao fazer um corte de 0,25 ponto, com placar dividido.


O marasmo só foi quebrado na reta final da sessão, com a notícia dada pela Globonews de que o Palácio do Planalto já espera 9 a 0 pela manutenção da taxa básica de juros. Foi justamente essa possível unanimidade que animou os negócios – o Ibovespa acelerou, renovou máximas e ficou no azul, e o dólar perdeu força frente ao real.


Mas os pontos de atenção seguem. “Com a deterioração do cenário doméstico, sem sinais de um ajuste sustentável de gastos públicos, as expectativas de inflação desancoraram e o câmbio se desvalorizou. Dessa forma, o principal objetivo desta reunião é restabelecer a credibilidade da condução de política monetária e trazer de volta as expectativas de inflação alinhadas com as metas”, comentou Guilherme Jung, Economista da Alta Vista Research.


Já o Morgan Stanley diz que permanece “na defensiva em toda a América Latina; esperamos por melhores notícias sobre a inflação (EUA e Brasil), ajuste fiscal no Brasil e risco político no México”.


"Apesar da calmaria do índice, algumas empresas observam baixas relevantes na cotação de suas ações", ressaltou Felipe de Castro, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital. Entre as maiores baixas estão Azul (AZUL4), que caiu 4,62%, Atacadão (CRFB3), que perdeu 0,88%, e Assaí (ASAI3), que desvalorizou 1,07%. “AZUL4 lidera as perdas na sessão de hoje, com baixa dando continuidade à tendência observada nas companhias aéreas, em função dos resultados recentes de um setor que sofre ainda com a retomada da pandemia e com a alta do dólar, que impacta diretamente seus custos mais relevantes”, explicou.


Ibovespa retoma 120 mil pontos, com alta de Vale e Petrobras

A protagonista do dia foi mesmo a Petrobras, ainda que na base da expectativa pelo evento na capital carioca. PETR4 terminou o dia com mais 0,08%, apesar de ter perdido mais de 1% durante a sessão. A Vale (VALE3), por sua vez, mostrou uma forte recuperação no final do dia e acabou com mais 0,31%.


Os bancos igualmente desempenharam um importante papel, com ganhos consistentes, depois de oscilarem durante o dia, especialmente Bradesco (BBDC4), que ficou entre perdas e ganhos, até na reta final ficar com alta de 0,48%. Itaú Unibanco (ITUB4) foi o único do setor que ficou positivo durante toda a sessão, para terminar com mais 0,78%, com CEO acenando com dividendos extras até o final do ano.


Mas os grandes vencedores do dia foram mesmo os frigoríficos, reforçando os ganhos de ontem. “Tanto BRF (BRFS3), com mais 4,33%, quanto Marfrig (MRFG3), com mais 3,03%, refletem em suas altas o otimismo do mercado com a exportação de proteína brasileira para a China pela recente alta do dólar e por um imbróglio chinês com a União Europeia nesse setor, que pode beneficiar o Brasil. Minerva (BEEF3), com ganhos de 2,86%, e JSB (JBSS3), com 1,76%, subiram hoje pelos mesmos motivos”, diz Felipe de Castro.


Apesar de tudo, há boas notícias. Para o mercado, aumentou a percepção de que a meta de déficit zero será mantida pelo governo federal ao longo da execução orçamentária em 2024. É o que mostra sondagem feita pela XP Investimentos com um grupo de 86 investidores institucionais entre os dias 14 e 18 de junho. De acordo com o levantamento, 55% dos respondentes acreditam que o objetivo original previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) não sofrerá modificações. Outros 45% pensam o contrário.


É um longo caminho até todos terem de fato essa resposta, mas como diz o narrador de futebol, enquanto tem bambu, tem flecha, enquanto o juiz não apitar, tem jogo. (Fernando Augusto Lopes)


*InfoMoney 

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