Ministro partiu para o contra-ataque após ser vaiado por manifestantes
Reprodução/CNN Brasil
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso fez críticas ao “bolsonarismo” e reagiu às vaias que recebeu de um grupo ligado a profissionais da área de enfermagem, nesta quarta-feira (12), enquanto discursava no Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).
“Já enfrentei a Ditadura e já enfrentei o bolsonarismo, não me preocupo”, afirmou Barroso.
Em seguida, o ministro enfatizou em seu discurso: “Saio daqui com as energias renovadas pela concordância e discordância porque essa é a democracia que nós conquistamos.”
“Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, citou.
As falas de Barroso foram uma reação a um grupo de manifestantes que protestava contra ele no Congresso da UNE. Além das vaias, eles carregavam uma faixa com a frase “Barroso: inimigo da enfermagem e articulador do golpe de 2016”.
Em setembro do ano passado, o ministro suspendeu o pagamento do piso salarial da enfermagem aprovado pelo Congresso Nacional por falta de detalhamento das fontes de custeio. Após o governo federal liberar mais de R$ 7 bilhões para estados e municípios pagarem os valores, Barroso revogou a suspensão.
Em resposta, o magistrado disse: “Fui eu que consegui o dinheiro da enfermagem porque não tinha dinheiro. Não tenho medo de vaia, porque temos um país para construir.”
O Congresso da UNE acontece em Brasília até o dia 15 de julho e Barroso participou da abertura do evento.
“Mais recentemente conseguimos resistir a um golpe de Estado que estava a caminho, portanto, temos compromisso com a história, com a verdade plural e com a obrigação de fazer um país melhor e maior”, completou.
Fala gera reações
A assessoria do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi procurada pela CNN para comentar as declarações de Barroso. No entanto, até agora, não houve resposta.
Pessoas próximas ao ex-presidente disseram que a fala de Barroso — “Nós derrotamos o bolsonarismo” — é a confissão de que o TSE agiu contra o então candidato Bolsonaro na eleição de 2022.
Nesta quinta-feira (13), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), criticou a fala de Barroso em entrevista à imprensa.
“Recebi diversos telefonemas de senadores e senadores sobre a fala de Barroso. E desse púlpito recentemente eu me solidarizei com o ministro Luís Roberto Barroso quando foi atacado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro”, falou Pacheco.
“Tão inadequado quanto o ataque sofrido pelo ministro Luis Roberto Barroso, por quem aqui manifesto meu profundo respeito, também foi muito inadequada, inoportuna e infeliz a fala de Barroso no evento da UNE a uma ala politica à qual eu não pertenço, mas que é uma ala politica.”
À CNN também nesta quinta, Barroso afirmou que, durante a fala dele ontem no Congresso da União Nacional dos Estudantes, ele se referiu a um grupo de extremistas que defendem o fim da democracia e que defendem ditaduras.
O ministro também destacou que “não se referiu aos 58 milhões de eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro, e que tem o maior respeito por eleitores que são conservadores, mas democratas”.
Em nota divulgada na manhã desta quinta-feira, a assessoria do STF afirmou que a frase “Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo”, dita por Barroso no evento da UNE, “referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição”.
Leia abaixo a íntegra da nota enviada pelo Supremo:
O Ministro do STF Luís Roberto Barroso, o Ministro da Justiça, Flavio Dino, e o Deputado Federal Orlando Silva estiveram juntos, no Congresso da UNE, para uma breve intervenção sobre autoritarismo e discursos de ódio. Todos eles participaram do Movimento Estudantil na sua juventude. Apesar do divulgado, os três foram muito aplaudidos. As vaias – que fazem parte da democracia – vieram de um pequeno grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro, que faz oposição à atual gestão da UNE. Como se extrai claramente do contexto da fala do Ministro Barroso, a frase “Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo” referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição.
*CNN Brasil
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