Câncer colorretal atinge cada vez pessoas mais jovens
Preta Gil tinha 48 anos quando foi diagnosticada com câncer colorretal e os médicos identificaram um tumor adenocarcinoma na porção final do órgão. “Fui ao banheiro normalmente e, quando fui andar até o banheiro, senti escorrer uma coisa nas minhas pernas. Quando olhei, era sangue. Mas não era pouco sangue, era muito sangue. Comecei a me sentir mal, fiquei tonta, tive um desmaio, me levaram às pressas para o hospital. Os médicos já pediram exames, tomografia, ressonância e, na primeira tomografia, já apareceu o tumor. Ele tem seis centímetros, ele é grande.”
A declaração, realizada no programa da Rede Globo Mais Você no início de junho, ocorreu após a melhoria do quadro da cantora que, até ali, já havia passado por um quadro agudizado de septicemia. Agora, ela segue o tratamento e atua, ainda, para que a doença seja diagnosticada cada vez mais cedo.
“Na colonoscopia você descobre os pólipos. Não espere passar mal, sentir alguma coisa para fazer. Os pólipos, eles tiram na hora, porque ele pode virar um câncer. É muito importante fazer a colonoscopia”. A sugestão é complementada com a indicação de haver, cada vez mais, procura pelo exame.
A artista tem razão, há cada vez mais prescrições para a realização da colonoscopia e, especialmente, para pessoas mais jovens. Conforme estudo do Penn State Cancer Institute, as taxas de câncer estão aumentando em pessoas mais jovens. Na faixa etária dos 15 aos 39 anos, a incidência aumentou em 30% desde a década de 1970. A previsão é de que o número cresça.
O estudo não é conclusivo sobre o porquê do aumento de casos, mas aponta fatores como: melhor triagem e fatores de estilo de vida, como obesidade, falta de exercício e álcool.
Diagnóstico precoce é a chave para a cura do câncer de intestino
A boa notícia é que, com a melhora nas terapias contra o câncer, estima-se que 86% dos adultos jovens diagnosticados com câncer sobrevivem, de acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer) . Isso significa que não apenas os idosos estão lidando com as consequências da doença. É por isso que a atenção aos sintomas deve ser redobrada. No caso de Preta Gil, houve crises de enxaqueca e pressão alta até a chegada de uma hemorragia. Em meio à pressão dos sintomas e ao tratamento, a cantora relatou à imprensa ter iniciado o processo de divórcio.
Essa realidade pode ser uma montanha-russa emocional e física. A pesquisa do Penn State Cancer Institute descobriu que sobreviventes de câncer têm risco maior de 24 problemas de saúde, incluindo insuficiência cardíaca, doenças renais e hepáticas, perda auditiva e até derrame. Eles também enfrentam desafios únicos de administrar a vida pessoal após câncer, relacionamento e carreiras – e potencialmente décadas de exames e exames estressantes para determinar se o câncer voltou ou se o tratamento que salvou vidas desencadearam outras doenças.
O exemplo de Preta Gil demonstra que o caminho até a chegada do tratamento é longo. “Completei meu quarto ciclo de quimioterapia. Ainda tenho um bom caminho pela frente. Estou na metade das quimios. Ainda vou fazer mais quatro sessões de quimioterapia. Depois, mais cinco semanas de radioterapia e, depois, uma cirugia”.
Saiba mais sobre o câncer colorretal:
O Brasil registrou 45.630 novos casos de câncer colorretal em 2022. Desses, 21.970 foram registrados em homens e 23.660 em mulheres. A doença foi a responsável pela morte de 20.245 pessoas no ano passado, sendo a maioria mulheres (10.356) na comparação com homens (9.889), como revela o Atlas da Mortalidade por câncer.
Veja os riscos para o câncer colorretal:
De acordo com o Inca, os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer são:
🆘️ Sedentarismo;
🆘️ Excesso de gordura corporal (sobrepeso e obesidade);
🆘️ Alimentação pobre em frutas, vegetais e outros produtos que contêm fibra;
🆘️ Consumo em excesso de carnes processadas (salsicha, mortadela, linguiça, etc);
🆘️ Ingestão em excesso de carne vermelha (mais de 500 gramas por semana);
🆘️ Fatores hereditários, como polipose adenomatosa familiar;
🆘️ Exposição à radiação ionizante (atenção a profissionais de radiologia médica e industrial);
Saiba como se prevenir do câncer colorretal:
As principais recomendações do Inca são a manutenção do peso corporal, alimentação saudável, não fumar e exercitar-se diariamente.
Veja os sinais e sintomas do câncer colorretal
❓️ sangue nas fezes;
❓️alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados);
❓️dor ou desconforto abdominal;
❓️fraqueza e anemia;
❓️perda de peso sem causa aparente.
❓️alteração na forma das fezes (fezes muito finas e compridas)
❓️massa (tumoração) abdominal
Esses sinais e sintomas também estão presentes em problemas como hemorroidas, verminose, úlcera gástrica e outros, e devem ser investigados para seu diagnóstico correto e tratamento específico.
Na maior parte das vezes esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não melhorarem em alguns dias.
Detecção precoce do câncer de intestino:
A detecção precoce do câncer é uma estratégia utilizada para encontrar um tumor numa fase inicial e possibilitar maior chance de tratamento bem sucedido.
O diagnóstico pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce) ou de pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.
O rastreamento dos tumores de cólon e reto (colorretal) pode ser realizado através de dois exames principais: pesquisa de sangue oculto nas fezes e endoscopias (colonoscopia ou retossigmoidoscopias).
Os principais sinais e sintomas sugestivos deste câncer são:
🔻Sangramento nas fezes
🔻Massa (tumoração) abdominal
🔻Dor abdominal
🔻Perda de peso e anemia
🔻Mudança de hábito intestinal
Na maior parte das vezes esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não melhorarem em alguns dias.
Além do diagnóstico precoce, a OMS (Organização Mundial da Saúde) preconiza que os países com condições de garantir a confirmação diagnóstica, referência e tratamento, realizem o rastreamento do câncer de cólon e reto em pessoas acima de 50 anos, por meio do exame de sangue oculto de fezes.
Em caso de resultado positivo (constate o sangue oculto), a pessoa deverá fazer uma colonoscopia ou retossigmoidoscopia, que permitirá ao médico visualizar a parte interna do intestino para ver se há câncer ou pólipos que possam vir a se transformar em câncer.
Diagnóstico do câncer de intestino:
O diagnóstico requer biópsia (exame de pequeno pedaço de tecido retirado da lesão suspeita). A retirada da amostra é feita por meio de aparelho introduzido pelo reto (endoscópio).
Tratamento para o câncer colorretal:
O câncer de intestino é uma doença tratável e frequentemente curável. Segundo o Inca, a cirurgia é o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos (pequenas estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo) dentro do abdome. Outras etapas do tratamento incluem a radioterapia (uso de radiação), associada ou não à quimioterapia (uso de medicamentos), para diminuir a possibilidade de recidiva (retorno) do tumor.
O tratamento depende, principalmente, do tamanho, localização e extensão do tumor. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas.
Após o tratamento, é importante realizar o acompanhamento médico para monitoramento de recidivas ou novos tumores.
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