Alemães buscam altas indenizações por supostos efeitos colaterais, representados por advogado abertamente contra os imunizantes
Vacina contra a Covid-19 da Pfizer/BioNTech - Ahmad Gharabli/AFP
Na Alemanha, a empresa de biotecnologia BioNTech, responsável pela vacina contra a Covid-19 desenvolvida em parceria com a Pfizer, enfrentou na segunda-feira a primeira audiência de um dos processos que alegam graves efeitos colaterais das doses e pedem altas indenizações da farmacêutica. As acusações ocorrem embora mais de 2,5 bilhões dos imunizantes tenham sido aplicados no mundo, e as autoridades de saúde tenham reforçado a segurança e eficácia.
O caso específico que levou a empresa pela primeira vez ao tribunal em Hamburgo, nesta semana, reportou o jornal Financial Times, é de uma mulher, trabalhadora da área da saúde, que pede 150 mil euros (cerca de 787 mil reais). Ela alega ter desenvolvido problemas de saúde como arritmia cardíaca e névoa mental após a vacinação.
Segundo apuração do veículo, são centenas de casos representados por dois escritórios de advocacia: Cäsar-Preller e Rogert & Ulbrich. O segundo, mais proeminente, é chefiado por Tobias Ulbrich, que é abertamente contra as doses da vacina e questiona a sua eficácia nas redes – embora ela tenha sido comprovada por diversos estudos científicos analisados pelas agências reguladoras.
De acordo com uma reportagem de março do jornal alemão Deutsche-Welle, o escritório representa ao menos 750 pessoas, e deu início a 130 processos contra a BioNTech e a Moderna, farmacêutica que também fabrica vacinas da Covid-19.
Em postagens recentes no Twitter, Ulbrich já se às doses como uma “arma biológica”, defendeu que o “o sistema imunológico é destruído pela vacina de mRNA (RNA mensageiro, tecnologia utilizada)” e disseminou teorias conspiratórias sobre a origem do coronavírus.
O advogado também já alegou que o bilionário Bill Gates queria usar a vacinação para reduzir a população da Alemanha e que as doses provocariam quadros de imunodeficiência autoadquirida, como a Aids. Todas as alegações não têm comprovações e são rebatidas pelas principais autoridades de saúde.
BioNTech rebate acusações
Estudos clínicos dos imunizantes mostram que efeitos colaterais mais graves podem ocorrer, como inflamações cardíacas chamadas de miocardites, porém são extremamente raros. O risco é consideravelmente menor do que o de complicações da Covid-19 entre não vacinados, como o óbito, o que faz com que todas as grandes autoridades de saúde reconheçam o custo-benefício e indiquem a aplicação das vacinas.
Ao Financial Times, a BioNTech disse estar confiante de que os casos serão arquivados. No referente à audiência desta semana, por exemplo, a empresa afirma que os advogados não demonstraram “relação causal entre os eventos adversos e a vacina”, e por isso considera o processo como “sem mérito”.
“O monitoramento contínuo do perfil de segurança da vacina e após mais de 2,6 bilhões de doses administradas em todo o mundo até o momento não identificou possíveis efeitos colaterais além daqueles já listados nas respectivas informações do produto”, disse a farmacêutica.
Além disso, ainda que um juiz declare a empresa culpada em alguma das ações, dificilmente isso gere impactos para a BioNTech. Isso porque existe uma proteção legal da União Europeia que isenta os fabricantes de vacinas da responsabilidade em caso de efeitos colaterais fora do previsto.
*FolhaPE
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