A moeda americana fechou com variação negativa de 0,09%, a R$ 5,1967; a Bolsa subiu 1,81%, a 109.785,04 pontos
Ibovespa subiu 1,81%, a 109.785,04 pontos | ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO/07/02/2023
O dólar teve leve queda perante o real nesta quarta-feira (8), após sessão marcada por comentários de várias autoridades do Federal Reserve (banco central americano), enquanto investidores locais continuaram atentos às tensões entre o governo brasileiro e o Banco Central.
A moeda americana à vista fechou com variação negativa de 0,09%, a R$ 5,1967 na venda, depois de ter avançado mais de 3% no acumulado das três sessões anteriores. O pregão foi marcado por instabilidade, e o dólar foi de R$ 5,2460, no maior patamar do dia (+0,86%), para 5,1661, no menor (-0,68%).
Já o Ibovespa teve forte alta nesta quarta-feira, apesar de recuo em Nova York, liderado pelas ações de bancos após analistas receberem positivamente o resultado do Itaú Unibanco, e diante de algum alívio nas tensões que envolvem o Banco Central e a Presidência.
Além dos bancos, Petrobras esteve entre as maiores influências para a alta do índice, com avanço do petróleo no exterior e antes de divulgar dados operacionais. Empresas de saúde e varejo alimentar ficaram entre as principais pressões negativas.
De acordo com dados preliminares, o Ibovespa subiu 1,81%, a 109.785,04 pontos. O volume financeiro somava R$ 22,9 bilhões.
Banco central americano
Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, atribuiu essa volatilidade, em parte, a comentários recentes do chair do Fed, Jerome Powell, que na véspera não endureceu significativamente seu tom sobre a inflação, mas disse que o processo para fazer com que o ritmo de alta dos preços volte para perto da meta de 2% do banco central americano levará "bastante tempo".
Depois de Powell, vários de seus colegas do Fed falaram publicamente nesta quarta-feira, o que fez o dólar mudar de sinal várias vezes no mercado internacional de acordo com o tom adotado por cada um.
O presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, disse que o banco central dos Estados Unidos ainda tem mais altas de juros pela frente e precisará manter a política monetária restritiva por algum tempo.
Já a autoridade Lisa Cook disse que o banco central está determinado a retornar a inflação à meta de 2% com novos aumentos nos juros, embora tenha ponderado que isso pode ser feito sem um grande avanço no desemprego e tenha destacado a força da economia.
Já o diretor do Fed Christopher Waller disse que a inflação parece prestes a continuar desacelerando neste ano, mas a batalha do banco central dos Estados Unidos para atingir sua meta de 2% "pode ser uma longa luta".
No exterior, o índice que compara o dólar a uma cesta de seis pares fortes devolveu tanto perdas quanto ganhos de mais cedo e rondava a estabilidade no final desta tarde, enquanto divisas arriscadas pares do real — como dólar australiano, rand sul-africano e peso mexicano — operavam em baixa.
Enquanto isso, diante de um pano de fundo de embates entre o governo brasileiro e o Banco Central, os mercados domésticos continuaram cautelosos nesta sessão, depois que Lula defendeu a ideia de que o Senado se mantenha "vigilante" com Roberto Campos Neto, o presidente da autoridade monetária, o que colaborou para o vaivém do dólar.
"Lula parece estar em pé de guerra em sua busca por taxas de juros mais baixas e agora tem a independência do Banco Central em sua mira", disse em nota William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics.
"Se Lula conseguisse o que queria, a experiência do Brasil no início dos anos 2010 e de outros lugares do mundo emergente sugere que isso faria com que a inflação subisse e, em última análise, exigiria um longo período de altas taxas de juros reais mais adiante."
Em geral, uma taxa Selic alta costuma beneficiar o real ao torná-lo mais atraente para uso em estratégias de investimento que buscam lucrar com diferenciais de juros entre economias. No entanto, quanto mais tempo os juros ficam elevados, mais eles tendem a prejudicar a atividade econômica do país, fator que também é levado em consideração por investidores estrangeiros na hora de montar suas carteiras.
Para Oliveira, da Toro, ainda há esperanças de ancoragem dos ativos brasileiros mesmo em meio à recente tensão entre governo e BC.
"Às vezes o investidor estrangeiro continua colocando dinheiro no Brasil porque vê esses movimentos [políticos] mais como ruídos, e não como fatos. Enquanto isso seguir, vamos continuar vendo o estrangeiro segurando a performance tanto do real quanto do Ibovespa. Vamos depender muito disso para o dólar continuar brigando abaixo da casa de 5,30", disse ela à Reuters.
Mas, "se em algum momento o 'gringo' começar a ver isso [críticas de Lula à independência do BC] como algo concreto, será muito mais prejudicial para nosso câmbio", completou Oliveira.
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