Dono da Riachuelo, Grupo Guararapes fecha fábrica em Fortaleza e dispensa 2 mil

Empresa vai concentrar produção na unidade de Natal, no Rio Grande do Norte

Dono da Riachuelo, Grupo Guararapes fecha fábrica em Fortaleza e dispensa 2 mil Divulgação

O Grupo Guararapes — dono da Riachuelo — encerrou a produção em sua fábrica de Fortaleza, no Ceará. E vai concentrar a operação fabril na unidade de Natal, no Rio Grande do Norte, o que trará ganhos em eficiência, competitividade e diversificação de produtos, explicou a companhia. Ao todo, cerca de dois mil funcionários forma dispensados.


Os colaboradores da unidade de Fortaleza, onde eram produzidos jeans, tecidos planos e camisaria, foram convidados a migrarem para a fábrica de Natal. O número de trabalhadores que será realocado, porém, ainda não está apurado.


Os demitidos receberam um pacote de benefícios de compensação, como extensão da cobertura do plano de saúde pelo dobro do prazo de aviso prévio, além do equivalente a meio salário mínimo. As costureiras receberam máquias de costura industriais, enquanto os demais tiveram um salário adicional.


No ano passado, o setor de vestuário registrou a maior inflação desde 1995, segundo dados divulgados pelo IBGE. Os preços subiram 18,02%.


Com inflação e desemprego em alta, resultando em queda no poder de compra da população, as ações das grandes varejistas perderam valor em 2022. No caso do Guararapes, o recuo foi de 32,76%; no das Lojas Renner, 13,81%, enquanto os papeis da Via caíram 54,29% e os do Magazine Luiza, 62,05%, segundo levantamento de Einar Rivero, head Comercial da Trademap.


Produção nacional mantida

Leonardo Cyreno, head de Estratégia e Inovação da AGR Consultores, destaca ainda que as empresas do varejo de moda vêm enfrentando a competição de concorrentes chineses, que vendem produtos mais baratos.


— Isso pressiona o mix de produtos em termos de custo e qualidade. Ao mesmo tempo em que o consumidor demanda mais produtos sustentáveis, propósito de marca, peças de qualidade e durabilidade. E a Riachuelo tem feito essa transformação nos últimos anos.



A varejista tem investido em produtos de maior qualidade, com maior trabalho de curadoria de moda, e por isso também com tíquete médio mais alto.


— Esse processo exige mais eficiência produtiva, na cadeia logística, na oferta. E a reestruturação do Guararapes vai nessa direção. O cenário macro é desafiador e há esforço para ganhar competitividade, eficiência produtiva. Tanto que não há mudança nas lojas — frisa o especialista.


O Guararapes enfatizou que a decisão preserva a produção nacional do grupo, que responde por em média 70% dos itens comercializados pela Riachuelo. Esse percentual será mantido mesmo com o fechamento da fábrica de Fortaleza.


A unidade cearense foi inaugurada em 1976 e contava com perto de dez mil metros quadrados de área construída. A de Natal, que fica no Distrito Industrial de Extremoz, tem cerca de 150 mil metros quadrados de área construída, somando sete mil funcionários diretos.


Outra vantagem é a proximidade do centro de distribuição de Natal, com 55 mil metros quadrados de área.


A depender de como a demanda no país se comportar, a fábrica do Rio Grande do Norte poderá ter sua produção ampliada, gerando novos postos de trabalho.


*PEGN

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