Empresa deixa Ibovespa e demais índices da Bolsa após ter entrado em recuperação judicial
O papel da Americanas (AMER3) teve uma despedida melancólica do Ibovespa nesta sexta-feira, e encerrou o pregão em queda de 34%, cotada a R$ 0,66.
A negociação dos ativos inclusive teve seu horário de fechamento antecipado para 17h30. Ao longo do dia, a ação da empresa chegou a subir 14% (por volta das 11h), quando liderou os ganhos do Ibovespa, mas na sequência passou a recuar, com uma queda acentuada à tarde.
A administradora da Bolsa brasileira decidiu excluir a Americanas de todos seus índices devido ao pedido de recuperação judicial feito pela varejista.
Além do Ibovespa, os índices dos quais os papéis da empresa deixarão de fazer parte são os seguintes: IGCX, ICO2, ICON, IBXX, IGCT, IGNM, IBRA, IVBX, ISEE, ITAG, SMLL, IBXL e GPTW.
Recuperação judicial desencadeou saída da Americanas de índices da B3
Na opinião de Rodrigo Cohen, analista e co-fundador da Escola de Investimentos, o que mais preocupa os investidores nesse imbróglio são as incertezas diante da recuperação judicial.
O pesadelo da Americanas começou na noite de quarta-feira passada (12), quando a empresa declarou um rombo contábil de R$ 20 bilhões em seus balanços. O valor, contudo, foi dobrado nos dias seguintes. Em cerca de uma semana, as ações recuaram mais de 90%, passando de R$ 12, no fechamento de quarta, para centavos nesta sexta.
Ontem (19), finalmente o que o mercado esperava aconteceu. A varejista entrou com pedido de recuperação judicial e alegou ter R$ 43 bilhões em créditos listados que serão alvo de reorganização nos próximos anos.
No pedido de recuperação judicial, a Americanas explicou que, diante dos bloqueios por parte de bancos, a empresa ficou apenas com R$ 800 milhões em caixa para tocar o dia a dia, o que inviabiliza a operação.
O processo permite à varejista um prazo de blindagem de 180 dias em todas as suas obrigações de passivo, podendo ser estendido por mais 180 dias. A Americanas precisa, no entanto, apresentar uma versão preliminar de seu plano de recuperação em até 60 dias.
Investidores e acionistas da Americanas
A Americanas tinha, em abril de 2022, cerca de 146 mil acionistas pessoas físicas, segundo dados da B3. Depois da derrocada das ações, contudo, o número pode ter encolhido e muito.
Em termos acionários, até o dia 23 de dezembro de 2022, a 3G Capital, grupo de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, era dona de 30,13% da Americanas. Os acionistas da empresa também são os principais investidores da Ambev.
Ainda no grupo de principais acionistas de AMER3, a Capital Group detinha 9,91% da companhia, a TIAA Cref, 6,05%, e a gestora americana BlackRock possuía 5,05%.
Fonte: Americanas
Americanas rebaixada
Além da saída dos índices da B3, a Americanas recebeu más notícias das principais agências de classificação de risco, que rebaixaram sua avaliação para a empresa após as sucessivas notícias negativas.
A Moody’s primeiro alterou a nota de crédito da Americanas para “Caa3”, o que, na escala da agência de classificação de risco, significa que a empresa está à beira de um calote. Nesta sexta, porém, cortou novamente a nota, desta vez para “Ca”, o penúltimo nível mais negativo que a agência tem como parâmetro.
A Moody’s também alterou as notas da JSM Global e B2W, que garantem os débitos da gigante varejista
A agência de classificação de risco diz que considera o pedido de recuperação judicial como inadimplência da Americanas em todas as suas dívidas. Após as revisões de hoje, todos os ratings da companhia serão retirados.
*TradeMap