Uma estudante de Recife se tornou uma das poucas mulheres no ITA, escola onde 94% dos aprovados são homens. Com apenas 20 anos, ela foi a primeira colocada no vestibular de engenharia, e busca carreira militar.
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica é conhecido pela dificuldade de aprovação e, principalmente, pelas discrepâncias entre o público que se posiciona nas vagas. Existem diversos fatores que contribuem para a eliminação feminina, mas Luciana de Oliveira dos Santos pretende mudar isso.
A garota foi aprovada em um dos vestibulares mais difíceis do País, e, agora, está um passo mais perto do seu sonho de seguir carreira no Exército.
Em 2021, ela saiu de Fortaleza para estudar, e, em 2022, chegou em São José dos Campos (SP). Para ela, foi difícil ficar longe da família, além dos gastos com passagens, que não são baratas.
Com isso, tinha insegurança de não conseguir passar, mas a resposta chegou no final do ano, quando comemorou a aprovação em primeiro lugar para engenharia, tornando-se uma das poucas mulheres no ITA.
Reprovação no teste físico
Em 2021, Luciana conseguiu passar no Instituto Militar de Engenharia, no Rio de Janeiro, mas foi reprovada no teste físico, que é eliminatório na primeira fase para a instituição.
Sem desistir, ela continuou por mais um ano, e conseguiu sua vaga no ITA, que também possui teste de resistência para a carreira militar, mas somente no segundo ano e sem caráter eliminatório. Ou seja, ela consegue continuar estudando, mas corre o risco de perder a vaga para o Exército.
Por isso, ela também está se preparando com exercícios físicos diários para o momento. Agora, comemora a vaga após dois anos de curso e uma rotina extensa de estudos.
Ela afirma que o estímulo de quebrar barreiras na carreira militar ajudou na sua motivação. Para ela, ser uma das mulheres no ITA na próxima turma será seu impulso para não desistir depois de quatro anos buscando seu sonho.
Rotina de estudos era puxada
Luciana enfrentava uma rotina puxada de estudos para conseguir se tornar uma das mulheres no ITA. Ela acordava cerca de 06h30, e começava a estudar. Em torno das 9h, iniciava seu primeiro curso, até as 13h. Em seguida, no cursinho, seguia até a noite, inclusive aos sábados. Enquanto isso, fazia simulados no domingo.
A garota diz que não tem segredos para estudar, pois é individual. No entanto, alerta para não se deixar abater pelo sentimento negativo. Ela conta que, quando começou o cursinho, era uma das mais novas, e enfrentava pessoas mais velhas, com mais experiência e bagagem.
Além disso, também continuou tentando, mesmo com as reprovações. Ela ficava animada em descobrir coisas novas, e sabia que chegaria no topo. Assim, conseguiu o primeiro lugar no vestibular de engenharia de uma das instituições mais difíceis do País.
Mulheres no ITA: Uma escola masculina
Via Gazeta do Povo
A instituição onde Luciana vai estudar é uma escola tradicional, mas majoritariamente masculina. O ITA não aceitava mulheres até 1995, e teve sua primeira turma com formandas apenas em 2000. Foram apenas duas alunas que terminaram a graduação.
Existem alguns fatores para isso, mas o interesse predominantemente masculino contribui para o baixo número de mulheres no ITA. Para o próximo ciclo, apenas 6% das vagas são de pessoas do sexo feminino. Ou seja, 9 das 150 bolsas serão de meninas.
Além disso, os exames físicos podem reprovar a carreira militar para a turma, o que aumenta ainda mais as chances de reduzir esse número, permanecendo com turmas de maioria masculina.
Por isso, Luciana mantém o sonho de ser uma das mulheres no ITA formada e seguindo na carreira do Exército. Ela seguirá com a rotina de estudos e com exercícios físicos diários para se sair bem na resistência. O primeiro lugar contribuiu para sua confiança, e procura incentivar outras garotas também.
Fonte: *UOL/ via *Fatos Desconhecidos