Novo estudo mostra que o ‘publi’ já não é mais a única forma de monetizar o trabalho, regulamentado pelo Ministério do Trabalho em 2022
A profissão de criador de conteúdo foi registrada pelo Ministério do Trabalho em 2022 (RUBEN BONILLA GONZALO/Divulgação)
Quando a gente vê um criador de conteúdo no Instagram, com milhares de seguidores, logo pensa no tempo que essa pessoa dedica para conquistar tantos seguidores e criar conteúdo. Como conciliar fama online com o trabalho? Pois saiba que para 34,6% deles, a criação de conteúdo é sua principal fonte de renda –vivem exclusivamente disso.
O dado é da pesquisa “Creators e Negócios”, realizada pela agência Brunch e a consultoria YOUPIX.
O que faz um criador de conteúdo?
A atividade de criador de conteúdo passou a ser reconhecida como profissão pelo Ministério do Trabalho no começo de 2022. Segundo a pesquisa da Brunch com YUPIX, 54,5% dos creators entrevistados já emitem nota fiscal sob essa nova definição.
Ainda segundo o estudo, a valorização do trabalho também está mudando, o número de criadores que cobram até R$ 500 pelo combo de conteúdo reduziu de 53,7% em 2021 para 28,9% em 2022. O preço médio pago por esse tipo de trabalho está subindo.
Rafa Lotto, sócia e head de planejamento da YOUPIX, explica que o “combo de conteúdo” são publicações que o creator pode oferecer à marca. Um exemplo seria um pacote com post no feed do Instagram e stories falando sobre um produto ou uma marca.
“A redução dos que cobram até R$ 500 pelo combo é positiva porque os criadores de conteúdo aumentaram o valor cobrado pelos trabalhos, pela valorização da profissão. Cobrando mais pelos combos, muitos creators conseguem fazer da criação de conteúdo sua principal fonte de renda”, diz.
Segundo Lotto, a profissionalização desse mercado também diz respeito a saber precificar o trabalho. “Não é apenas de postar alguma coisa, mas filmar, editar, atuar, produzir e publicar um conteúdo, incluindo nessa conta a compra de equipamentos e a produção, além do deslocamento e cenário. Uma infinidade de coisas que dificilmente custariam só R$ 500 em qualquer produtora brasileira”, explica.
Influencer economy x Creator economy
Para a YOUPIX, os dados da pesquisa apresentam um movimento de transformação da "Influencer Economy" para a "Creator Economy".
“A economia de criadores traz possibilidades além da ‘publi’ para o criador de conteúdo, que trabalha, de fato, com criação de conteúdo original, criatividade, personalidade, marca registrada, dentro e fora das redes sociais”, diz Lotto.
A especialista diz que mais do que marcas alugando a influência de creators para se promoverem, como se o seu espaço nas redes sociais fosse um banner, o criador de conteúdo tem outras formas de monetizar seu trabalho e gerar renda.
“É sobre pensar seu negócio para faturar a partir do dia 1. E não criar conteúdo na esperança de um dia ser descoberto e ganhar com ‘publi’. Essa possibilidade não está eliminada, mas de longe, não é mais a única”.
Principais redes sociais para os creators
Seguindo a tendência de crescimento dos últimos anos, o Instagram segue isolado como a plataforma por onde criadores e marcas mais fazem negócios, mostra o estudo da YOUPIX. 75,2% dos entrevistados fecham trabalhos por lá, e 60,8% da renda dos criadores está concentrada em publis e jobs por meio dessa plataforma.
O TikTok, embora consolidado e inovador para a dinâmica de viralização, ocupa ainda o terceiro lugar na lista de redes mais utilizadas, com 11,8%, atrás do YouTube, com 12,7%.
Na pesquisa do ano passado, Instagram era a rede mais usada (67,2%), seguida por YouTube (15,2%), blogs (5,5%), Twitter (4,4%) e TikTok somava 2,6% dos negócios.
O estudo também mostra o surgimento de um novo ator nas mídias sociais, o "InfoCreator". São profissionais que vendem consultorias, cursos e infoprodutos através dos seus perfis. Eles já somam 21,6%. Em 2021, eram apenas 9,1%.
Dicas para quem quer ganhar dinheiro como criador de conteúdo nas redes sociais
A primeira dica de Lotto é ter em mente que criar conteúdo é empreender. “A não ser que você queira fazer isso como hobby, abrir uma conta em qualquer rede social é abrir também uma empresa, é preciso estudar formas de monetização a partir do dia 1”, afirma. “Ninguém abre um negócio sem saber quais são as possibilidades de ganhar dinheiro, seja ele qual for”.
Para conhecer as possibilidades de ganho, diz Lotto, é preciso estudar, ler, procurar conhecimento sobre monetização.
A segunda dica é estudar o nicho e segmento e, a partir daí, vem a terceira dica: planejar o conteúdo pensando nas dores da audiência, qual problema você pretende resolver, qual a sua contribuição e expertise para que esse conteúdo seja relevante para alguém.
Estudar formatos é uma quarta dica, “mas não diria que é a mais importante, como muita gente pensa”, pontua Lotto. “Não faz diferença se é no TikTok ou no Instagram, se o seu conteúdo não for relevante para ninguém. Saber o que você quer falar vem antes de saber o como”.
Mas o modo, alerta a especialista dando a quinta dica, também precisa de estudo e dedicação, tentativas e erros. É importante não esperar que tudo esteja perfeito para o lançamento. “Faça e evolua no caminho. Se você esperar o melhor equipamento, a melhor luz, o melhor roteiro, nunca vai fazer nada.”
*Exame