Neguinho da Beija-Flor não vê racismo de Piquet: “Carinhoso”

Ex-piloto usou o termo "neguinho" para se referir ao heptacampeão Lewis Hamilton

Neguinho da Beija-Flor Foto: Reprodução

O sambista Luiz Antônio Feliciano Marcondes, conhecido nacionalmente como Neguinho da Beija-Flor, falou sobre a polêmica envolvendo uma fala do ex-piloto e tricampeão da Fórmula 1, Nelson Piquet, ao se referir ao heptacampeão da modalidade, Lewis Hamilton. A declaração foi dada ao jornal O Globo.

Piquet, ao contestar um acidente entre o britânico e o holandês Max Verstappen, usou o termo “neguinho” para criticar a atitude de Hamilton. Para o cantor, não houve racismo, mas sim uma “forma carinhosa de tratamento”.

– Na minha opinião, é uma forma carinhosa de tratar o piloto. Se ele dissesse negrinho, já seria outra coisa. Neguinho é uma forma carinhosa, mas negrinho é ofensivo. A Sandra de Sá usa muito esse termo, o neguinho, mas ela está se referindo a uma pessoa. Negrinho é pejorativo, como quem diz dinheirinho para falar de pouco dinheiro, ou tempinho pra falar de pouco tempo. Quem fala negrinho faz pouco caso – ressaltou.

Apesar de não ter visto problema na fala de Piquet, Neguinho da Beija-Flor reforça que falta punição mais severa aos casos de racismo que se repetem no Brasil e no mundo.

— O racismo é uma coisa tão sem solução no Brasil que você acaba deixando pra lá. Mesmo porque eu não conheço ninguém que cometeu esse ato preso ou sendo processado. O máximo que a gente vê é multa, aí o cara vai lá, comparece na delegacia, paga R$ 500 e não dá em nada. Já ouvi o Pelé dizendo que foram raras as partidas em que ele não foi ofendido de “macaco” ou coisas do tipo. Faziam para desestabilizar – completou.

Ícone e 14 vezes campeão do carnaval carioca, Neguinho da Beija-Flor lembra que seu apelido vem desde a infância, em Nova Iguaçu. Uma vizinha lhe chamava de “neguinho” e bastou para que assim ficasse. Anos depois, na sua escola de coração, o apelido foi reinventado. E ele incorporou de maneira oficial e definitiva, tanto que assim consta em seus documentos e assim ele assina sempre que solicitado.

— Eu tinha 5 ou 6 anos, morava em Nova América, um bairro afastado de Nova Iguaçu. Uma senhora chamada Dona Aria começou a me chamar de neguinho da vala, porque eu vivia pescando rã e mussum numa vala. Depois, em 1977, já virei o Neguinho da Beija-Flor por sugestão do Anísio (patrono da escola de Nilópolis) — concluiu o intérprete, que está registrado como Luiz Antônio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes, e com o nome social apenas de Neguinho da Beija-Flor.

RELEBRE O CASO
A fala de Nelson Piquet ocorreu no ano passado, quando o ex-piloto comentava um acidente envolvendo o heptacampeão com Max Verstappen – que é seu genro – durante o Grande Prêmio de Silverstone, na Inglaterra. “O neguinho meteu o carro e deixou porque não tinha jeito de passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele é que só o outro [Verstappen] se f*deu”, afirmou Piquet ao canal Motorsports Talk, em novembro.

Com a repercussão do caso, Hamilton usou as redes sociais para rebater o brasileiro.

– Vamos focar em mudar a mentalidade – , publicou em português, antes de completar em inglês – É mais do que a linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não tem mais lugar em nosso esporte. Fui cercado dessas atitudes e alvo durante toda minha vida. Já houve muito tempo para aprender. O tempo para ação chegou.

Nelson Piquet veio a público para pedir desculpas na última quarta-feira (29).

– O que eu disse foi mal pensado, e não defendo isso, mas vou esclarecer que o termo usado é aquele que tem sido amplamente e historicamente usado coloquialmente no português brasileiro como sinônimo de “cara” ou “pessoa” e nunca teve a intenção de ofender. Condeno veementemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto por causa de sua cor de pele – escreveu.

*Pleno.news 

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