Escalada de tensões entre Ocidente e Oriente pode levar a conflitos abertos entre as potências, avaliam especialistas
Invasão do exército de Vladimir Putin na Ucrânia completou uma semana nessa quarta-feira(foto: @StahivUA / ESN / AFP)
Após trinta anos de inconteste hegemonia geopolítica norte-americana, fase que se seguiu à desintegração da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), - colocando fim à convencional Guerra Fria (1947-1989) protagonizada entre as duas potências hegemônicas -, uma Segunda Guerra Fria - ou Guerra Fria 2.0 - se formata no cenário internacional. Tem por diferença marcante, em relação à irmã mais velha, a presença de três pesos posicionados no tabuleiro global: Estados Unidos, Rússia e China.
No contexto de acordos comerciais em torno da Rota da Seda e do enfrentamento político aos Estados Unidos, há conformação de um bloco asiático com a tendência de posicionamento conjunto da Rússia e da China. Sem condenação da China, a invasão da Rússia na Ucrânia, esta já com o anunciado apoio político e militar do Ocidente, é mais uma escalada das tensões que marcam a nova era do poder global, com os três atores geopolíticos numa escalada de tensões e confrontos indiretos. Uma das consequências é a nova corrida armamentista, inclusive com a militarização do continente europeu.
A avaliação é de Pável Lavrenthiv Grass, sociólogo e doutorando em Economia Política Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que assina em parceria com Daniel Barreiros, professor do Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional da UFRJ o texto para discussão “Interpretações e Argumentos acerca da chamada Guerra Fria 2.0”, publicado na revista eletrônica do Instituto de Economia da UFRJ.
A Guerra Fria 2.0 ocorre num momento da história em que, diferentemente da ex-União Soviética, a Rússia não é uma superpotência econômica, mas continua uma superpotência nuclear”, diz Pável.
O resultado de uma nova Guerra fria poderá ser uma guerra “quente”, afirma o sociólogo, considerando ser real a ameaça após o colapso do Tratado INF, que proibiu o lançamento de mísseis terrestres de alcance de 500 a 5.500 quilômetros, que durante a Guerra Fria 1.0, levaram Moscou e Washington à escalada de tensões em 1962 (crise do Caribe) e em 1983 (crise dos euro-mísseis).
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