Dólar cai pelo quinto dia seguido e fecha a R$ 4,91, a menor cotação desde junho de 2021

Juros altos no Brasil e barril de petróleo pressionado no mercado internacional atraem investidores estrangeiros ao país; Ibovespa fecha acima dos 117 mil pontos pela primeira vez em seis meses

REUTERS/Dado Ruvic
Dólar amplia desvalorização ante o real com aumento do fluxo estrangeiro ao país

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro ampliaram os ganhos nesta terça-feira, 22, com o cenário favorável para a entrada do capital estrangeiro após o Banco Central (BC) confirmar novo aumento dos juros para conter forças inflacionárias mais disseminadas e persistentes do que o previsto. No cenário internacional, o preço das commodities, sobretudo do petróleo, segue pressionado com a intensificação dos combates na Ucrânia. O cenário fez o dólar fechar com queda de 0,6%, cotado a R$ 4,915, na quinta sessão seguida de desvalorização ante o real. O resultado deixa o câmbio no menor patamar desde 24 de junho, quando encerrou a R$ 4,904. A divisa chegou a ser negociada na mínima por R$ 4,905, enquanto a máxima não passou de R$ 4,951. A moeda encerrou a véspera com forte queda de 1,4%, a R$ 4,945. Seguindo o clima positivo nos mercados internacionais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, registrou avanço de 1%, aos 117.272 pontos, o melhor resultado desde 6 de setembro, quando foi a 117.868. O pregão desta segunda-feira, 21, fechou com alta de 0,7%, aos 116.154 pontos.

Comitê de Política Monetária (Copom) do BC mostrou preocupação com a pressão inflacionária originada do confronto entre Rússia e Ucrânia, e com os impactos secundários do choque de preços das commodities. “As leituras recentes vieram acima do esperado e a surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos mais associados à inflação subjacente”, afirmou em ata divulgada nesta manhã para detalhar a subida dos juros de 10,75% para 11,75% ao ano, na semana passada. O colegiado afirmou que o conflito traz “mais incerteza e volatilidade” e recomenda que a “política monetária reaja aos impactos secundários” do choque de oferta em várias commodities. A autoridade monetária confirmou que deve fazer novo acréscimo de 1 ponto percentual no próximo encontro, entre os dias 3 e 4 de maio, elevando a Selic para 12,75% ao ano, e deixou aberta a possibilidade de ampliar o ciclo de alta de juros.

O aumento da taxa básica melhora o rendimento da renda fixa e torna o país mais atrativo para os investidores estrangeiros. A previsão do mercado é pela manutenção dessa alta dos juros, principalmente com a dose extra de pressão sobre a inflação trazida pelo conflito no Leste Europeu. Analistas revisaram para cima as expectativas para a inflação e a Selic em 2022 e 2023, segundo previsões do Boletim Focus publicadas nesta segunda-feira. A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou de 6,45% para 6,59% neste ano, e de 3,7% para 3,75% em 2023. Já a Selic passou a ser vista em 13% ao ano no fim de 2022, e em 9% no ano que vem.

Na pauta internacional, a cotação do barril de petróleo do tipo Brent é negociado ao redor de US$ 115, com queda de 0,3%, após registrar alta de até 8,5% na véspera. O preço da commodity segue pressionado pela falta de sinalização de cessar-fogo no Leste Europeu com a intensificação dos conflitos. A Rússia é o segundo maior produtor de petróleo no mundo, atrás apenas da Arábia Saudita. O avanço da guerra levou a uma série de sanções do Ocidente às exportações do país de Vladimir Putin. O temor dos analistas é que os embargos levem ao desabastecimento do mercado.

*Jovem Pan 

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