80% dos profissionais de base da saúde vivem em constante desgaste psicológico na pandemia, diz Fiocruz

Pesquisa recente fala em 2 milhões de profissionais ‘invisíveis’ na área em todo o Brasil

Sasin Tipchai/Pixabay
Perfil dos profissionais de base da saúde no Brasil é de maioria composta por mulheres e negros

Uma pesquisa recente da Fiocruz analisou as condições de tratamento dos profissionais de base da área da saúde no Brasil durante mais críticas da pandemia da Covid-19. Foram  ouvidos mais de 21 mil trabalhadores e o resultado trouxe dados alarmantes. Segundo o estudo, pelo menos 80% dos profissionais vivem em constante desgaste psicológico causado pelo trabalho. A pesquisa apontou que esses profissionais trabalham com menos informação, preparo e segurança. Também a falta de estrutura necessária para realização de suas atividades. Isso acontece com 12,7% desses profissionais. O medo de contaminação pela Covid-19 é constante entre esses profissionais de base da área da saúde. Mais da metade dos entrevistados, 53%, disseram que não se sentem seguros e protegidos no ambiente em que trabalham.

70% dos profissionais ouvidos na pesquisa disseram não sentir nenhum apoio dos hospitais onde trabalham, 35,5% disse ter sofrido violência e discriminação na função; para 22,4% dos trabalhadores um dos motivo para o medo constante é a falta de equipamentos de proteção individual (EPI), além da ausência desses equipamentos, não houve capacitação necessária para o uso efetivo, de acordo com 54,4% dos ouvidos. Com o agravamento da pandemia, o aumento no número de internados e a ocupação nos hospitais, 47,9% dos trabalhadores disseram ter sofrido pressão psicológica para cumprir metas; 50,9% relataram ter trabalhado em excesso.

A pesquisa revelou também o perfil desses profissionais: 72,5% é composto por mulheres; 50,3% de todos os trabalhadores tem entre 36 e 50 anos; 32,9% tem menos de 36 anos; 59% são pretos ou pardos. Entre os jovens de até 36 anos, um dado chamou a atenção: 23,9% admitiram ter algum tipo de comorbidade entre hipertensão, obesidade, depressão, diabetes ou doenças pulmonares anteriores à Covid-19. Para Maria Helena Machado, coordenadora do estudo “Os Trabalhadores Invisíveis da Saúde: Condições de Trabalho e Saúde Mental no Contexto da Covid-19 no Brasil”, a pesquisa servirá para abrir os olhos da sociedade aos direitos desses profissionais. “Nós estamos falando da possibilidade dessa pesquisa, com estudo, com dados, com informações técnico-científicas, ela mostrar pela primeira vez no país uma pesquisa que de fato mostra a realidade desses trabalhadores”, defende.

“São trabalhadores invisíveis da saúde, constituídos de mais de 2 milhões em todo o país. São trabalhadores de nível médio, nível técnico, nível de apoio que transitam, trabalham, apoiam e muitas vezes fazem parte da equipe de saúde. Estamos falando dos técnico, auxiliares de enfermagem, de raio X, de laboratório, de análise clínica, de maqueiros, condutores de ambulância, ACS, ACE, todo o pessoal da administração de apoio, por exemplo”, finaliza Maria Helena.

*Com informações do repórter Victor Hugo Salina

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