Dado consta em documento entregue à CPI da Covid
Documentos da Presidência da República entregues à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado mostram que o presidente Bolsonaro reuniu-se 84 vezes para tratar do novo coronavírus desde que o assunto passou a fazer parte das preocupações do Executivo em fevereiro do último ano.
Em média, o presidente teve cerca de uma reunião por semana, ou uma reunião a cada 6,55 dias. A primeira delas aconteceu em 2 de fevereiro de 2020, quando o vírus começava a se espalhar pelo mundo e cerca de três semanas antes de desembarcar no Brasil.
Grande parte das reuniões, entretanto, concentrou-se no segundo trimestre do ano passado, no período de abril a junho de 2020. Neste período foram 34 reuniões realizadas, cerca de 40% do total. Só em abril, mês com mais encontros, foram realizados 21 com a participação de Bolsonaro para discutir o assunto.
Em março, por exemplo, em três dias o presidente teve cinco encontros para discutir, por videoconferência, “governadores e pedidos de apoio para enfrentamento da crise”.
A planilha do Palácio do Planalto acusa a primeira reunião para tratar de imunizantes em 8 de setembro. “36ª Reunião do Conselho de Governo: Vacinação e outros”, registra o documento. Participaram do encontro Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, o então chanceler Ernesto Araújo, bem como outros nomes da Esplanada dos Ministérios.
No quarto trimestre de 2020, foram feitas cinco reuniões. O período marca as véspera das festas de fim de ano, início do recrudescimento da doença e da disponibilidade de vacinas. Apenas três reuniões foram feitas em outubro, duas em dezembro e nenhuma em novembro.
Em comparação, as primeiras doses da Coronavac, vacina testada e produzida pelo Instituto Butantan com parceiros chineses, para aplicação em massa, chegaram ao País em 19 de novembro. O anúncio de compra pelo governo federal saiu em janeiro após aprovação de eficácia pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Já no início deste ano, no pico da segunda onda e do colapso do sistema de saúde em Manaus os encontros voltaram a acontecer com mais frequência. No primeiro trimestre deste ano, foram 17 reuniões.
*Estadão