Pastor de Fukushima ora por retorno de igreja atingida pela radiação
Desastre nuclear de 2011 fez com que os membros abandonassem a congregação às pressas
A dez anos atrás, o tempo parou para a Primeira Igreja Batista Bíblica de Fukushima. O desastre nuclear que atingiu a região em março de 2011 fez com que os membros abandonassem a igreja às pressas e também as suas casas devido aos perigos da radiação. Hoje, o reverendo Akira Sato ainda sonha em ver a congregação retornar as suas atividades, que chegava a receber dezenas de pessoas.
– No passado, quando eu voltava aqui e olhava ao redor, não conseguia parar de chorar – declarou à Agence France-Presse.
No portão de aço da entrada da igreja, há um aviso sobre um culto de domingo que nunca chegou a acontecer. As cadeiras vazias compõem o triste cenário junto ao órgão nunca mais tocado, e bíblias nunca mais abertas sobre o púlpito. Até hoje, para visitar o local, as pessoas precisam de permissão e devem usar trajes especiais a fim de se protegerem contra a radiação.
Mesmo após o desastre, grande parte dos fiéis se manteve unida. Junto do reverendo Sato, eles iniciaram um êxodo que durou um ano e percorreram 700 quilômetros, a fim de se estabelecerem em um local seguro, no distrito de Izumi, na cidade de Iwaki.
Mesmo hoje, o líder religioso ainda não sente que está em casa, e guarda em seu coração o sonho de retornar ao antigo lar, em Okuma.
– Posso construir uma cabana e passar o resto da minha vida lá. Apreciar cada palavra da Bíblia e realizar missas reconfortantes e humildes: esses são meus sonhos para o futuro – declarou.
O sonho parece não estar tão distante assim. Autoridades planejam a suspensão das restrições no bairro da antiga igreja no próximo ano.
– Acredito que Fukushima é uma terra abençoada por Deus. Pela dor e tristeza que passamos, acredito que teremos a bênção de Deus duas ou três vezes mais do que em qualquer outro lugar – afirmou.
O desastre em Fukushima ocorreu após um terremoto recorde de magnitude 9.0 e um tsunami com ondas de mais de 40 metros sobrecarregarem o sistema de resfriamento de uma usina nuclear local. Mais de 20 mil vidas se perderam e 165 mil pessoas precisaram deixar o local, que teve um perímetro de 800 quilômetros quadrados isolado. Desde o desastre da usina de Chernobyl em 1986, na Ucrânia, não acontecia uma catástrofe nuclear desta dimensão.
Fonte: Pleno News