Planeta extrassolar na zona habitável possui água, nuvens e chuva, anunciam cientistas
De forma inédita, os cientistas detectaram vapor de água e possivelmente nuvens de água líquida na atmosfera de um exoplaneta estranho que fica na zona habitável de sua estrela, a cerca de 110 anos-luz de distância.
Os cientistas já descobriram exoplanetas gigantes gasosos que possuem vapor de água na atmosfera, mas este é o menor planeta onde o vapor de água já foi descoberto. O novo artigo sugere ainda que este planeta possui nuvens e até mesmo chuva de água líquida.
"A detecção de vapor de água foi bastante clara para nós", disse o autor principal, Björn Benneke, professor do Instituto de Pesquisa sobre Exoplanetas da Universidade de Montreal.
O estudo foi publicado na revista de pré-impressão arXiv.org. Em seguida, um segundo estudo de outra equipe de pesquisadores também anunciou a descoberta de vapor de água na atmosfera de K2-18 b. Este segundo estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.
Um mundo bizarro
Os pesquisadores encontraram evidências de água líquida e de hidrogênio da atmosfera deste exoplaneta que se encontra na zona habitável de sua estrela, portanto, é bastante provável que este mundo seja realmente habitável.
Por outro lado, a atmosfera de K2-18b é extremamente espessa, criando condições de alta pressão, e com isso, os pesquisadores acreditam que "a vida como a conhecemos" não deve existir na superfície do planeta.
Mas Björn não descarta a possibilidade de que este exoplaneta possa hospedar alguma forma de vida. "Certamente não há nenhum animal rastejando neste planeta", disse ele. Isso é verdade, dado o fato de que 'não há nada para ser rastejado', porque o planeta realmente não tem superfície", acrescentou.
"A maior parte desse planeta, em volume, é um envelope de gás", disse ele. Como Björn descreveu, o planeta provavelmente tem um núcleo rochoso cercado por camadas extremamente espessas de gás hidrogênio, e contém muito vapor de água.
Por não ter uma superfície, propriamente dita, a chuva não se acumula no planeta. À medida que a chuva cai, o calor do planeta faz com que a água evapore e volte para as nuvens, onde se condensa e cai novamente.
Por conta da alta pressão esmagadora, praticamente qualquer nave espacial seria completamente destruída ao descer pelas camadas espessas de gás.
Utilizando dados de observação do Telescópio Espacial Hubble, feitas entre 2016 e 2017, os pesquisadores puderam analisar 8 passagens deste exoplaneta em frente a sua estrela hospedeira. Com isso, os cientistas conseguiram detectar as assinaturas das moléculas de água que existem na atmosfera deste planeta.
Os pesquisadores planejam expandir ainda mais as observações de K2-18b com o futuro Telescópio Espacial James Webb, da NASA, que deve ser lançado em 2021. Com pesquisas deste tipo, podemos futuramente encontrar planetas muito parecidos com a Terra. "Ainda não chegamos lá", disse Björn. "Mas isso é realmente emocionante."
Imagens: (capa-ilustração/ESA/Hubble) / ESA / Hubble / M. Kornmesser / Alex Boersma
11/09/19