Maior iceberg do mundo, que se desprendeu da Antártica, pode atingir área de preservação ambiental no Atlântico Sul

 

Um dos maiores icebergs do mundo, que se desprendeu da Antártica, pode atingir área de preservação ambiental no Atlântico Sul

Em 2017, um gigantesco iceberg se desprendeu da região de Larsen, na Antártica. Batizada de A68, a plataforma de gelo tem 4,7 mil km2 e se encontra, no momento, a 480 km de distância da ilha da Georgia do Sul, no Atlântico Sul, território do Reino Unido (já falamos deste iceberg nesta outra reportagem).

Para se ter uma ideia da dimensão do iceberg, ele tem o tamanho de 80 ilhas de Manhattan ou três cidades de São Paulo.

Se continuar em sua atual rota, ele pode ‘atracar’ na ilha britânica, que é uma importante área de preservação ambiental e provocar um sério impacto na vida marinha local.

“Os ecossistemas podem e vão se recuperar, é claro, mas há o perigo de que, se esse iceberg ficar preso, ele possa ficar lá por dez anos. Um iceberg tem implicações enormes para onde predadores terrestres podem ser capazes de forragear”, explica o professor Geraint Tarling, ecologista da British Antarctic Survey.

Segundo o cientista, o iceberg pode ficar no caminho entre animais e seus filhotes e interferir na alimentação dos últimos.

“Quando você está falando sobre pinguins focas durante o período que é realmente crucial para eles – durante o desenvolvimento desses filhotes – a distância real que eles têm que percorrer para encontrar comida (peixes e krill) realmente importa. Se eles tiverem que fazer um grande desvio, isso significa que não vão voltar para seus filhotes a tempo de evitar que morram de fome nesse ínterim”, diz.

Tarlin ressalta, entretanto, que o iceberg traz benefícios se permanecer no oceano aberto. Ele carrega enormes quantidades de poeira que fertilizam o plâncton, conjunto de diminutos organismos que habitam águas e essenciais na  cadeia alimentar marinha. Esses plânctons também absorvem carbono (gás CO2), apontado como principal responsável pelo aquecimento global.

Um dos maiores icebergs do mundo, que se desprendeu da Antártica, pode atingir área de preservação ambiental no Atlântico Sul

Vista aérea de parte do iceberg gigantesco

Cientistas estão monitorando a rota do A68, especialmente com imagens de satélite.

“O A68 é espetacular. A ideia de que ele ainda está inteiro é realmente notável, principalmente devido às enormes fraturas que você vê passando por ele nas imagens de radar. Eu esperava que ele já tivesse se quebrado. Se ele contornar a Georgia do Sul e seguir em direção ao norte, deve começar a se fragmentar. Ele entrará muito rapidamente em águas mais quentes e, especialmente, a ação das ondas começará a destruí-lo”, afirma Andrew Fleming, diretor de monitoramento da British Antarctic Survey.

Fotos: Nasa Goddard Space Flight Center/Creative Commons/Flickr

Next Post Previous Post