PM mata a cada 10 horas e atinge maior número em 16 anos

Entre janeiro e junho deste ano, policiais militares em serviço mataram 358 pessoas em supostos casos de resistência. PMs em folga mataram 56

PMs de serviço e folga mataram mais de 400 no 1º semestre

PMs de serviço e folga mataram mais de 400 no 1º semestre

Kaique Dalapola/R7
No primeiro semestre de João Doria (PSDB) como governador de São Paulo, a Polícia Militar matou uma pessoa a cada 10 horas em casos registrados como “morte decorrente de intervenção policial”, a antiga resistência seguida de morte.
De acordo com os dados oficiais da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo), 358 pessoas foram mortas por PMs em serviço e 56 morreram após supostamente resistirem à abordagem de policial de folga.
O número de mortos por PMs em serviço no semestre é o maior desde 2003, quando houve 399 pessoas mortas em casos de resistência.
Na soma entre as vítimas de policiais militares em serviço e de folga, no entanto, 2017 foi superior a este ano: 430 mortos no total (313 por PMs em serviço e 117 em casos envolvendo policiais de folga).
O ouvidor de polícia de São Paulo, Benedito Mariano, disse que está analisando os números e pretende, nos próximos dias, mapear onde os casos estão acontecendo. O ouvidor destaca que o aumento entre as vítimas no total voltou no primeiro semestre deste ano após queda no ano passado comparado a 2017. 
Em um dos casos que entrou para as estatísticas da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) deste ano, o jovem Rafael Aparecido Almeida de Souza, 23 anos, foi morto com um tiro do soldado da PM Charles Henrique Godoi Pereira, da 2ª companhia do 38º Batalhão.
O caso aconteceu em 5 de maio e agora a família aguarda o andamento do processo que investiga os policiais. “Estamos só esperando o julgamento daqueles covardes que assassinaram meu filho, e a saudade continua, cada dia que passa fica mais difícil sem meu filho", disse o jardineiro Wagner Aparecido de Souza, 45 anos, pai do Rafael.
De acordo com testemunhas, o rapaz estava vendo de longe a PM abordar seu irmão. Quando o procedimento policial terminou, o jovem teria chamado o irmão para voltar para frente da casa deles. O PM teria dito que quem mandava lá era ele (policial) e atirou contra Rafael. 
Na versão do PM para Polícia Civil, o jovem teria tentado tirar a arma de seu companheiro de viatura e, para impedir, o soldado atirou.
O número de mortes por policiais militares no primeiro semestre também foi inflado pela ação da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) no dia 4 de abril, em Guararema. Após uma intervenção a um assalto de banco, os policiais militares mataram 11 pessoas após suposto confronto.
A ação letal da Polícia Militar foi elogiada pelo governador João Doria na época, que condecorou os PMs envolvidos. Na ocasião, Doria disse que os PMs da Rota responsáveis pelas mortes "cumpriram sua missão".
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar disse, por meio de nota (íntegra abaixo), que a SSP-SP "trabalha para reduzir os casos" de morte decorrente de internveção policial.
A pasta disse ainda que os casos de mortes registradas como resistências durante a abordagem contam com a presença da Corregedoria e dos comandantes dos batalhões das áreas onde ocorreram os fatos, além de equipes do IML (Instituto Médico Legal) e IC (Instituto de Criminalística).
Veja, abaixo, a íntegra da nota da Polícia Militar:
"A SSP trabalha para reduzir os casos de MDIP. A fim de garantir maior eficácia nas investigações, a pasta editou a Resolução SSP 40/2015, que determina o comparecimento das Corregedorias e dos comandantes da região, além de equipes específicas do IML e IC nesses casos. Todas ocorrências são investigadas por meio de IPM pelos batalhões e também pela Polícia Civil, além de serem acompanhadas pelas Corregedorias. Assim como publicou a resolução SSP 516, que separa as ocorrências com policiais em serviço e em folga, além dos casos de mortes decorrentes de oposição à intervenção policial.
No período avaliado pela reportagem, 118.422 pessoas foram presas e apreendidas pelas forças de segurança no Estado, fruto da eficiência no trabalho policial a intensificação das ações de patrulhamento ostensivo e preventivo. No mesmo intervalo, as mortes em decorrência policial durante as folgas caíram 26,3% entre os PMs e 66,7% entre os policiais civis. As ocorrências em serviço tiveram variação de 11,5% entre os militares e permaneceram estáveis entre os policiais civis."

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