'Infelizmente, o povo o elegeu', diz Maia ao criticar Bolsonaro

Rodrigo Maia e Flávio Dino, em evento em São Paulo

Rodrigo Maia e Flávio Dino, em evento em São Paulo

Marcos Rogério Lopes / R7
Um dia após a conclusão da reforma da Previdência na Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro  durante o Encontro Anual de Líderes, evento realizado pela Fundação Lemann, em Embu, na Grande São Paulo. "Onde nós erramos, Bolsonaro é produto dos nossos erros. É um deputado que estava sem partido, escanteado pelos militares, escanteado por todos. Onde foi que nós erramos?", disse Maia ao participar de painel sobre questões socioeconômicas, políticas e as reformas em pauta na agenda pública. 
A agressividade diz muito. Nos bastidores políticos comentava-se o risco de, após a aprovação da Previdência, Maia definir por sua conta os rumos das discussões nacionais daqui em diante, relegando o presidente a um segundo plano. "Agora, o importante é a reforma administrativa, que vamos tocar. E não vejo problemas para avançar com a tributária e o pacto federativo", explicou, como um estadista.
O parlamentar voltou a carga contra o atual presidente lembrando que o candidato à Presidência em 2018 Geraldo Alckmin (PSDB) mostrou exatamente quem era Bolsonaro em seus vídeos de campanha. "Não há surpresa", afirmou.
Segundo a análise de Rodrigo Maia, o presidente só foi eleito por ter surgido num momento de desilusão política do povo, que não se identificava mais com a direita nem com a esquerda. "Infelizmente, os brasileiros o elegeram."
Além do presidente da Câmara, participaram do encontro o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e Salim Mattar, secretário especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia.
Maia também deixou claro que desaprova a agenda "de valores" do governo federal. "E tenho mostrado isso na minha atuação na Câmara." Só se aproxima do governo nos temas mais ligados ao ministro da Economia, Paulo Guedes. "Algumas coisas que o Bolsonaro diz eu nem comento, quando ele fala do Santa Cruz (Felipe Santa Cruz, presidente da OAB), por exemplo. Eu sei o que meu pai passou e sei o que minha avó passou por causa do seu filho." 
Ele criticou ainda a polarização incentivada pelo presidente. "Nós falimos o Estado brasileiro nos últimos 30 anos e não vamos conseguir reerguê-lo se não houver união", afirmou. E foi além: "As instituições precisam funcionar. Todas precisam estar atentas. É nossa função limitar os avanços de outros poderes." 
O presidente da Câmara chegou a Embu às 17h20, atrasado, e entrou no meio do evento. Ao chegar, o governador do Maranhão fez uma brincadeira que o deixou desconcertado ao dizer que o político do DEM estava mais para oposição do que para situação. "Aqui está mais para 3 a 1 do que pra 2 a 2, levando para seu lado no placar o deputado federal Alessandro Molon e deixando "do outro" o secretário do governo Salim Mattar", afirmou o governador.
Eleições de 2022 
Após se destacar na condução da reforma da Previdência, Maia desponta como um possível candidato presidencial em 2022. A intermediadora do fórum desta quinta-feira (8), a jornalista Malu Gaspar, fez Maia ficar outra vez vermelho ao perguntar se ele não era "um nome para 2022".  Sem graça, ele riu e mudou de assunto.
Durante o evento, aliás, Maia parecia nervoso. Mordia os lábios a todo momento, mexia o pescoço e tinha uma postura tensa, com os ombros arqueados. Numa das raras tentativas de brincar com a plateia, entregou a preocupação de parecer simpático, de chamar a atenção. "Em determinada hora, vi que estava todo mundo rindo e quando olhei para o lado, estavam rindo dele", contou, referindo-se a Flavio Dino, de longe a figura mais à vontade naquele palco.

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