'Talvez pegue uma cana aqui no Brasil', afirma Bolsonaro sobre Glenn Greenwald

Presidente diz que medida provisória que permite deportação sumária de estrangeiros não afeta o editor do site "The Intercept"
Juliana Dal Piva
27/07/2019
O presidente Jair Bolsonaro participou neste sábado de soleninade de formatura de novos paraquedistas no 26º Batalhao de Infantaria Paraquedista na Vila Militar Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
O presidente Jair Bolsonaro participou neste sábado de soleninade de formatura de novos paraquedistas no 26º Batalhao de Infantaria Paraquedista na Vila Militar Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
RIO - O presidente Jair Bolsonaro foi questionado, durante entrevista coletiva neste sábado, sobre a portaria que permite deportação sumária de estrangeiros. Ele disse que pensou em tomar a iniciativa por meio de decreto e que o editor do site "The Intercept", Glenn Greenwald , "pode pegar uma cana aqui no Brasil, não lá fora". O jornalista criticou o que chamou de "tese insana" do presidente e destacou que ele "ainda não é ditador" para ordenar prisão de pessoas.
- Eu teria feito um decreto porque quem não presta tem que mandar embora. Tem nada a ver com esse Glenn. Nem se encaixa na portaria o crime que ele está cometendo. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro para evitar um problema desse, casa com outro malandro ou adota criança no Brasil. O Glenn não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não.
Glenn é casado com o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), com quem tem dois filhos adotivos. 
O Diário Oficial da União trouxe na sexta-feira uma portaria assinada pelo ministro da Justiça Sergio Moro que permite a deportação sumária ou impedimento de ingresso de estrangeiros no Brasil. A portaria nº 666/2019, que estabelece como alvo "pessoa perigosa ou que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal", estabelece novos parâmetros e regulamentação para a Lei da Migração , sancionada no governo Temer, em 2017.
No Twitter, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) publicou: "Ao ameaçar de prisão um jornalista que publica informações que o desagradam, o presidente Bolsonaro promove e instiga graves agressões à liberdade de expressão. Sem jornalismo livre, as outras liberdades também morrerão. Chega de perseguição".
O  presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Paulo Jerônimo de Sousa, também saiu em defesa do jornalista.
- A ABI estará sempre na trincheira da defesa da liberdade de expressão. Nesse sentido, a ABI endossa a declaração do Greenwald de que o Bolsonaro ainda não é um ditador - afirmou Sousa.
O vice-presidente da ABI, Cid Benjamin, disse que as falas são uma tentativa de intimidação. 

- A ameaça de Bolsonaro a Glenn nada mais é do que uma tentativa de intimidação ao jornalismo independente e à liberdade de expressão. - disse Benjamin.
-  A decisão de possível destruição não é dele (Moro). Podemos pensar e torcer por alguma coisa, mas o Moro não fará nada do que a lei não permite. Agora, foi uma invasão criminosa. Eu não tive esse problema porque nada trato de reservado nos meus telefones - afirmou ele.
Neste sábado, foi divulgado pela "GloboNews"  o depoimento do DJ Gustavo Henrique Elias Santos, preso na Operação Spoofing, à Polícia Federal (PF) . Ele afirmou que teve as contas do WhatsApp e Telegram hackeadas por Walter Delgatti Neto, que confessou ter invadido os celulares de diversas autoridades. O suspeito afirmou ainda que Delgatti mandou uma mensagem a ele se “vangloriando” de ter acessado o aparelho de Moro, e que fez um print da tela do notebook do hacker, contendo ícones do Telegram de autoridades, quando recebeu uma ligação em vídeo de Delgatti. Os depoimentos de Santos, de sua mulher, Suelen Priscila de Oliveira, e do motorista Danilo Cristiano Marques, todos presos pela PF, foram obtidos pela "GloboNews". Os três suspeitos afirmaram não saber qual é a atividade profissional de Delgatti.

Helicóptero da FAB

Ao final, o presidente comentou o uso de helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) por seus parentes para ir no casamento de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
- Fui no casamento do meu filho. Minha família da região do Vale do Ribeira estava comigo. Eu vou negar o helicóptero e mandar de carro? Não gastei nada além do que já ia gastar - afirmou Bolsonaro
- Terra riquíssima (reserva indígena Ianomami). Se junta com a Raposa Serra do Sol, é um absurdo o que temos de minerais ali. Estou procurando o "primeiro mundo" para explorar essas áreas em parceria e agregando valor. Por isso, a minha aproximação com os Estados Unidos. Por isso, eu quero uma pessoa de confiança minha na embaixada dos EUA - disse ele, que indicou o filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal por São paulo, para assumir a embaixada do Brasil nos Estados Unidos.

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