Glenn diz que não vai entregar mensagens de Moro a autoridades: 'Coisa de país autoritário'

Jornalista do 'The Intercept Brasil' afirmou, em audiência no Senado, que Sergio Moro finge que tem 'quase amnésia'

Glenn Greenwald, editor do site "The Intercept Brasil", em audiência na CCJ do Senado DANIEL MARENCO / AGÊNCIA O GLOBO
por Daniel Gullino
Atualizado: 
BRASÍLIA — O jornalista Glenn Greenwald, fundador do site "The Intercept Brasil", afirmou nesta quinta-feira, durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que não irá entregar às autoridades as mensagens trocadas por procuradores e pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, que basearam reportagens publicadas pelo site. De acordo com o jornalista, isso só acontece em "países autoritários". Glenn disse que a autenticidade das mensagens foi verificada por peritos do próprio "The Intercept" e por outros veículos de imprensa.
— Nós não entregamos e nunca vamos entregar nossa material jornalístico para a polícia ou tribunais porque isso é uma coisa que acontece em países autoritários, tiranias, e não democracias. O que nós fizemos, como profissionais, nós verificamos com muita cautela que o material é totalmente autêntico.
Glenn questionou o fato de Moro e de procuradores da força-tarefa da Lava-Jato não tem negado de maneira veemente nenhuma das mensagens, limitando-se a dizer que elas podem ter sido adulteradas, e ironizou a justificativa do ministro de que não lembra se escreveu ou não o conteúdo das mensagens, dizendo que ele tem "quase amnésia". 
— Sergio Moro está fingindo que tem quase amnésia, tem um memória tão incapacitada que ele não pode lembrar nada. Isso não tem credibilidade nenhuma. 
Ele afirmou que nenhum jornalista do "The Intercept Brasil" teve papel na obtenção das mensagens e que eles apenas receberam o material completo de sua fonte:
— Nenhum jornalista, nem eu, teve qualquer envolvimento na ação para obter e pegar esses documentos. O único papel foi o papel de jornalista, receber informação de interesse público.
Defesa de Políticos
Glenn falou ainda que não defende nenhum político, partido nem ideologia, e que seu trabalho é baseado nos "princípios fundamentais" da democracia:
O jornalista começou sua fala lembrando que já esteve no Senado para falar sobre reportagens baseadas em documentos divulgados pelo analista Edward Snowden, e afirmou que o tratamento que recebeu na época foi diferente.
— Ninguém estava falando que a nossa reportagem era antiética ou criminosa — disse.
— Muito pelo contrário. Vim aqui no Senado duas vezes e todo mundo agradeceu, porque todo mundo no Brasil conseguiu perceber que essa reportagem era tão importante.
Glenn também criticou quem o classifica como estrangeiro, afirmando que mora no Brasil há quase 15 anos, e ressaltando que é casado com um brasileiro e que adotou dois filhos.
— Eu moro nesse país desde 2005. O Brasil é meu lar, meu único lar, há quase 15 anos — relatou, acrescentando depois:
— Sou pai muito orgulho de dois filhos brasileiros.

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