Lei proíbe militares de comentários como o do comandante do Exército

General Eduardo Villas Bôas usou Twitter para falar que Exército compartilha do "anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade"

O regulamento disciplinar do Exército proíbe expressamente que seus integrantes façam comentários públicos como o que fez na terça-feira (3) o comandante da instituição, general Eduardo Villas Bôas.

Às vésperas do julgamento do habeas corpus que pode impedir ou permitir a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o militar usou o Twitter para falar sobre impunidade.

"Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?", escreveu.

"Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais", completou.

O comentário repercutiu mal no meio político e jurídico e, se analisada a lei que trata da disciplina dos militares, é passível de punições.

A transgressão de número 57 do decreto 4.346/2002 proíbe ao militar "manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária".


A advogada constitucionalista Vera Chemim avalia que o general pode ter feito "um desabafo", mas ressalta que por ser comandante do Exército, deveria ter pensado melhor.

— Como ele é um general, obviamente, o contexto em que ele está inserido acaba fazendo com o que ele tenha expressado possa ser mal-interpretado.

— Quando a sociedade acaba sentido a necessidade das forças armadas é um perigo. Aí você vai de um extremo, de uma bagunça, para outro extremo de autoritarismo, que também não é bom.

As publicações de Villas Bôas foram amenizadas pelo ministro interino da Defesa, general Joaquim Silva e Luna. Ele afirmou que as falas do colega foram no sentido de tranquilizar a população.

O ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também se manifestou no Twitter. "Isso definitivamente não é bom. Se for o que parece, outro 1964 será inaceitável. Mas não acredito nisso realmente".

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